Dito&Feito

José António Lima
Sol, 2012-02-27

Mário Soares veio agora revelar que teve com José Sócrates, há menos de um ano, «uma discussão gravíssima, porque queria que ele pedisse a ajuda externa financeira a Portugal e ele não queria».
Soares recorda: «Discutimos brutalmente» e, depois, «o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, também interveio mais tarde e ele acabou por ter de ceder, perante a evidência das coisas».
Sócrates não gostou deste relato dos aconteciemntos. E, do seu exílio no estrangeiro, apressou-se a esclarecer, por interposto e anónimo porta-voz, que, longe de uma discussão brutal, até guarda «memórias doces» dessa conversa com Soares. E que, longe de ceder à evidência das coisas, continua a considerar que o pedido da ajuda externa foi «um erro evidente». Que ele próprio, ainda não sabe bem como cometeu. Recorde-se que o país estava a um passo da bancarrota, em risco de não ter sequer dinheiro para pagar os salários do Estado. E que, além de Soares e de Teixeira dos Santos, também o Presidente da República, o governador do Banco de Portugal, os banqueiros tardiamente alarmados, Angela Merkel, Durão Barroso e por aí fora tentaram, já em desespero, forçar Sócrates a render-se à evidência das coisas.
ACABOU por ceder, como seria inevitável. Mas ainda agora não sabe explicar bem porquê. E não desarma: «Vemos hoje tudo o que perdemos por ter pedido ajuda externa: níveis de desemprego, de falências, ratings da República, dos bancos – quantos anos vamos demorar a regressar aos níveis de há um ano?», pergunta Sócrates. Extraordinário: há um ano, o nível de Portugal era estar à beira da insolvência e em vias de se tornar um sem-abrigo da Europa.
Muito cheio da sua figura e da sua importância, Sócrates viveu os últimos meses da sua nefasta governação como se habitasse noutro planeta: em permanente estado de negação, surdo aos apelos para corrigir os erros e o rumo que levava o país ao desastre, cego perante as evidências. Um ano depois, pelo que se vê, não aprendeu nada. O seu autismo político e o seu delírio egocêntrico não sofreram melhoras com o exílio em paris. Apenas se agravaram. É um caso político incurável.

Comentários

Anónimo disse…
Reino dividido...

agora querem ser todos heróis

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