A doença portuguesa
Em Portugal, de choque em choque, andamos demasiado distraídos há demasiado tempo.
Mais do que fazer política, no sentido nobre e moral da ocupação dos que tratam virtuosamente (i.e., exclusivamente em vista do bem comum) dos assuntos públicos (internos e externos) da nação, da polis, há negócios privados e soluções para grupos, facções ou associações secretas.
Não há um discurso nacional (da e para a nação) moral, estruturante, coeso, mas um discurso conflitual de poder.
Há pouca militância cívica.
Há apatia generalizada e cega obediência partidária.
Há muitos revoltados e poucas ideias.
É escasso o discurso livre e independente.
Andamos sempre a discutir.
Persiste um discurso frentista e ideológico nas questões mais graves da cidadania.
Não se atende ao essencial mas ao acessório.
Não se pede nem se conta com o contributo de todos, mas governa-se para os que se organizam nas oligarquias corporativas, de casta ou de orientação.
Não se dá a palavra ao povo mas à opinião pública televisionada e publicada.
Porque Portugal está doente.
A doença tem de ser combatida e chama-se o fim da política.
Ética e relacional.
Miguel Alvim
Advogado
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