Não sabem

João César das Neves
Destak
11 09 2008 09.21H
O aspecto mais marcante da nossa classe política actual é a desorientação. No poder ou na oposição, ninguém sabe muito bem onde está e para onde quer ir. Isto, sem ter a importância que o narcisismo jornalístico lhe atribuiu, constitui causa significativa da crise nacional.
Um político não precisa de ter muitas teorias e análises. Aliás, quando tem, em geral não é bem sucedido. Para o êxito, um líder precisa apenas de uma ideia. Só que tem de ser uma ideia clara, motivadora e ... certa. Foi assim em todos os tempos e lugares. Também em Portugal após Abril.
Mário Soares e Cavaco Silva, quando no Governo, tinham uma ideia dominante, um projecto para o País. Aliás, ambos foram criticados pelos analistas por superficialidade e simplismo. Mas ambos sabiam qual o problema nacional e como lidar com ele. E, apesar de tudo, ambos tiveram sucesso.
Hoje a situação é precisamente a oposta. Se perguntarmos aos líderes partidários, em todo o espectro, qual é a razão por que as coisas andam mal, ninguém dará uma resposta com nexo. O Governo, que até há pouco negava que as coisas andassem mal, agora culpa a crise internacional. A oposição limita-se a dizer que a culpa é do Governo. Sem um diagnóstico claro, não são possíveis medidas eficazes.
As poucas propostas disponíveis vão desde os mirabolantes sonhos tecnológicos, até aos milagres das obras públicas francamente contraproducentes.É possível ser dono de uma biblioteca sem nunca ter lido um livro. Também se pode dirigir administrativamente um país durante anos sem o chegar a governar.
João César das Neves naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt

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