Existe um mundo lá fora
Expresso, 080906
João Carlos Espada
jcespada@netcabo.pt
Por que razão escolheria McCain uma mulher como Sarah Palin, se a América conservadora correspondesse ao retrato catastrofista que a esquerda europeia febrilmente imagina?
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A escolha de Sarah Palin por John McCain para sua candidata a vice-presidente lança nova luz sobre a democracia americana. E, lamento ter de registar, refuta uma vez mais o retrato tremendista que diariamente nos transmite o pensamento politicamente correcto.
Não se trata aqui de saber se a candidata vai ou não sair-se bem na campanha - temos de esperar para ver. Não se trata de saber se a imprensa vai ou não descobrir episódios complicados na sua biografia - também temos de esperar para ver, além dos que já foram divulgados e que ela enfrentou bem. Trata-se apenas de prestar atenção ao que a escolha de Sarah Palin nos revela sobre a vibrante democracia americana.
Já não bastava que o candidato democrata fosse um jovem senador afro-americano que derrotou a veterana senadora Clinton. Já não bastava que o candidato republicano fosse um «maverick» que desafiou vezes sem conta a ortodoxia republicana. Agora temos uma candidata republicana à vice-presidência com uma história pessoal quase tão extraordinária como a dos senadores McCain e Obama.
Ela é uma conservadora pró-vida, profundamente religiosa, mãe de cinco filhos. Simultaneamente, é uma mulher atraente, com uma carreira profissional preenchida, atiradora exímia, que também adora pescar (o que agradaria a outro conservador excêntrico, desta feita britânico, Michael Oakeshott). Para cúmulo, é casada com um pescador de ascendência esquimó.
Por que razão escolheria McCain uma mulher como esta, se a América conservadora correspondesse ao retrato catastrofista que a esquerda europeia febrilmente imagina?
Uma hipótese de resposta reside na possibilidade de ser a esquerda europeia que vive num mundo imaginário, blindado contra toda e qualquer informação factual sobre o mundo real em que vivemos.
Essa hipótese é corroborada por outros factos. A esquerda europeia continua a falar do “desastre da intervenção no Iraque”. Mas a guerra do Iraque deixou de ser uma questão central na campanha do senador Obama e desapareceu dos noticiários. Simplesmente porque a guerra está a ser ganha e a democracia vai avançando aos solavancos - o que é uma característica das democracias.
A esquerda europeia diz que Obama representa a nova esperança da esquerda. Mas, na Europa, a actual campanha do senador Obama seria acusada de centrista, com alguns traços de centro-direita.
É caso para dizer à esquerda europeia: “Hello?! Existe um mundo lá fora!”
João Carlos Espada
jcespada@netcabo.pt
Por que razão escolheria McCain uma mulher como Sarah Palin, se a América conservadora correspondesse ao retrato catastrofista que a esquerda europeia febrilmente imagina?
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A escolha de Sarah Palin por John McCain para sua candidata a vice-presidente lança nova luz sobre a democracia americana. E, lamento ter de registar, refuta uma vez mais o retrato tremendista que diariamente nos transmite o pensamento politicamente correcto.
Não se trata aqui de saber se a candidata vai ou não sair-se bem na campanha - temos de esperar para ver. Não se trata de saber se a imprensa vai ou não descobrir episódios complicados na sua biografia - também temos de esperar para ver, além dos que já foram divulgados e que ela enfrentou bem. Trata-se apenas de prestar atenção ao que a escolha de Sarah Palin nos revela sobre a vibrante democracia americana.
Já não bastava que o candidato democrata fosse um jovem senador afro-americano que derrotou a veterana senadora Clinton. Já não bastava que o candidato republicano fosse um «maverick» que desafiou vezes sem conta a ortodoxia republicana. Agora temos uma candidata republicana à vice-presidência com uma história pessoal quase tão extraordinária como a dos senadores McCain e Obama.
Ela é uma conservadora pró-vida, profundamente religiosa, mãe de cinco filhos. Simultaneamente, é uma mulher atraente, com uma carreira profissional preenchida, atiradora exímia, que também adora pescar (o que agradaria a outro conservador excêntrico, desta feita britânico, Michael Oakeshott). Para cúmulo, é casada com um pescador de ascendência esquimó.
Por que razão escolheria McCain uma mulher como esta, se a América conservadora correspondesse ao retrato catastrofista que a esquerda europeia febrilmente imagina?
Uma hipótese de resposta reside na possibilidade de ser a esquerda europeia que vive num mundo imaginário, blindado contra toda e qualquer informação factual sobre o mundo real em que vivemos.
Essa hipótese é corroborada por outros factos. A esquerda europeia continua a falar do “desastre da intervenção no Iraque”. Mas a guerra do Iraque deixou de ser uma questão central na campanha do senador Obama e desapareceu dos noticiários. Simplesmente porque a guerra está a ser ganha e a democracia vai avançando aos solavancos - o que é uma característica das democracias.
A esquerda europeia diz que Obama representa a nova esperança da esquerda. Mas, na Europa, a actual campanha do senador Obama seria acusada de centrista, com alguns traços de centro-direita.
É caso para dizer à esquerda europeia: “Hello?! Existe um mundo lá fora!”
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