Big God
Luciano Amaral
O gato de Cheshire, 080911
Ontem, a propósito do acelerador de partículas do CERN, todo o mundo discutiu grandes questões: a origem do universo, o big bang, o bosão de Higgs, a existência de Deus. Fez-me um pouco de impressão o teor de algumas conversas, falando da partícula divina e outras expressões do género, como se o acelerador de partículas fosse capaz de fornecer a solução absoluta para a compreensão do universo. Como muito bem disse a Professora Amélia Maio na SIC-N ontem à noite, mesmo se admitirmos que a experiência deixa ao nosso alcance a explicação do big bang, continua a deixar fora dele aquilo que existia antes do big bang. Ou seja, se, numa linguagem mais filosófica, dissermos que o big bang deu origem ao universo e que, portanto, antes dele era o nada, resta uma coisa por esclarecer: como é que o nada pode ter dado origem a tudo? Ou seja, se antes do universo já existia qualquer coisa que lhe deu origem, é porque essa coisa era já qualquer coisa.
Aliás, isto é algo que me intriga: é que quanto mais sabemos do universo e da vida (graças ao avanço da ciência) mais necessidade temos de recorrer a Deus para explicar o que ignoramos. Quando o mundo era visto como um disco, sobre o qual se erguia uma cúpula com estrelas penduradas, era já suficientemente complicado, mas era só isso. Quando a terra passou a ser vista como um elemento infinitesimal num universo colossal, o espaço da nossa ignorância aumentou muito mais do que o espaço do nosso conhecimento (que também aumentou enormemente). Todo o avanço da ciência tem este condão: quanto mais sabemos, mais ignoramos e mais espaço reservamos para a presença divina.
O gato de Cheshire, 080911
Ontem, a propósito do acelerador de partículas do CERN, todo o mundo discutiu grandes questões: a origem do universo, o big bang, o bosão de Higgs, a existência de Deus. Fez-me um pouco de impressão o teor de algumas conversas, falando da partícula divina e outras expressões do género, como se o acelerador de partículas fosse capaz de fornecer a solução absoluta para a compreensão do universo. Como muito bem disse a Professora Amélia Maio na SIC-N ontem à noite, mesmo se admitirmos que a experiência deixa ao nosso alcance a explicação do big bang, continua a deixar fora dele aquilo que existia antes do big bang. Ou seja, se, numa linguagem mais filosófica, dissermos que o big bang deu origem ao universo e que, portanto, antes dele era o nada, resta uma coisa por esclarecer: como é que o nada pode ter dado origem a tudo? Ou seja, se antes do universo já existia qualquer coisa que lhe deu origem, é porque essa coisa era já qualquer coisa.
Aliás, isto é algo que me intriga: é que quanto mais sabemos do universo e da vida (graças ao avanço da ciência) mais necessidade temos de recorrer a Deus para explicar o que ignoramos. Quando o mundo era visto como um disco, sobre o qual se erguia uma cúpula com estrelas penduradas, era já suficientemente complicado, mas era só isso. Quando a terra passou a ser vista como um elemento infinitesimal num universo colossal, o espaço da nossa ignorância aumentou muito mais do que o espaço do nosso conhecimento (que também aumentou enormemente). Todo o avanço da ciência tem este condão: quanto mais sabemos, mais ignoramos e mais espaço reservamos para a presença divina.
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