Não é um Excesso, É um Défice
Pedro Duarte Silva
26.02.2016
O Bloco de Esquerda, partido com democrático e legítimo assento parlamentar, brindou esta semana a sociedade portuguesa com inenarrável cartaz.
Este cartaz compara o incomparável.
Este cartaz difama as crenças religiosas de imensa porção da sociedade portuguesa e da humanidade
Este cartaz não pretende argumentar democraticamente num período de debate, antes pretende calcar a crença religiosa de muitos que não se revêm na decisão democrática tomada, quando esta está já tomada e promulgada.
Este cartaz nada defende, apenas ofende.
O Bloco de Esquerda – cuja mundividência não partilho, mas respeito – tem lugar na sociedade democrática portuguesa, mas os seus líderes (que desde já distingo dos seus votantes) precisam de aprender que a democracia não se funda nem se alimenta de ataques ou ofensas, mas no respeito mútuo entre todos, num jogo político que tem regras e ética.
Estamos habituados a ver o discurso do Bloco de Esquerda como um discurso por vezes do que muitos apelidam de excessos.
Contudo, este cartaz não constitui um excesso, mas um défice.
Não se trata de excesso de expressão ou linguagem, mas de défice de carácter.
Importa corrigir.
Em nome do respeito democrático, da liberdade religiosa (que não é apenas cada qual poder crer no que que crê, ou até em nada crer, mas sobretudo respeito por aquilo que o outro crê ou não crê) e da crença religiosa de milhões de cidadãos, importa corrigir.
Onde antes não houve prudência, haja agora coragem.
Quanto ao que, no meu íntimo, pessoalmente sinto, nada como confortado recordar aquela profética frase proferida no alto de um monte…
«Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa».
Mateus 5, 12a
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