1+1=1


Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada
ionline 2014.05.24
Muito se tem falado, a propósito do sínodo para a família, da necessidade de repensar a instituição matrimonial. São recorrentes, em ambientes eclesiais, os apelos a uma Igreja mais atenta e compreensiva em relação a situações que, embora canonicamente irregulares, são muito comuns, também entre os cristãos. Neste sentido, há quem diga que seria conveniente que se substituísse a excelência do ideal evangélico, que consideram quase utópico, por uma praxis mais acessível, que facilitasse a reaproximação dos numerosos fiéis que, por viverem maritalmente com alguém com quem não estão canonicamente casados, estão impedidos da comunhão eucarística.
Não obstante a bondade dessa preocupação e a urgência de uma nova pastoral, uma alteração substancial do casamento cristão relevaria uma atitude descrente quanto à sua natureza, segundo a fé da Igreja. Ora ao papa e aos fiéis não compete decidir o que seja essa união, mas aplicar o que, a este propósito, foi tão inequivocamente revelado por Cristo.
Por outro lado, a moral cristã não se afere em termos quantitativos: também em tempos passados houve abundantes infidelidades conjugais, mas a Igreja nunca desistiu da exigência da sua doutrina matrimonial, que foi e é prática corrente para muitos milhões de cristãos. Também não pode ceder às pressões do poder: ante as pretensões divorcistas de Henrique VIII, a Igreja manteve-se firme na defesa da indissolubilidade matrimonial.
A Igreja está no mundo, mas não é deste mundo: uma Igreja mundana perderia a sua identidade e a sua razão de ser. Não deixa de ser paradoxal que os que, em nome da modernidade, advogam uma tal reforma, defendam, na prática, um poder papal despótico, que nem sequer à palavra de Deus estaria submetido. Ora o papa não é o dono da Igreja, mas o seu primeiro servo, o servo dos servos de Deus.

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