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DESTAK | 07 | 03 | 2012   21.18H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@ucp.pt

Nesta crise muitos disparates se têm dito acerca das agências de notação financeira. É fácil criticar um rating, o que é difícil é fazer avalia-ção de risco com qualida-de. Nesse triste panorama, o livro O Poder das Agências de Diogo Feio e Beatriz Soares Carneiro (Matéria-prima Edições, 2012) representa uma importante melhoria.
O volume faz análise equilibrada, fundamentada e séria das questões, sobretudo jurídicas, embora com excesso de laconismo, superficialidade de alguns juízos e pequenos lapsos (e.g. o crédito privado não começou no século XX, p.30, e subprime não é a clientes «ninja», p. 43).
Dois temas merecem comentário. O primeiro é a exigência de transparência nas metodologias, modelos e pressupostos (p. 65 e 119). Isso imporia às empresas a revelação dos fundamentos do seu negócio, como a fórmula da Coca-Cola ou a receita dos pastéis de Belém. Com procedimentos técnicos públicos, qualquer um roubaria a propriedade intelectual.
O segundo está nos conflitos de interesse gerados pelo pagamento da notação pelos emissores da dívida (p. 38 e 116). Aí surge um paralelo curioso com a actividade de um dos autores do livro, assistente universitário. No ensino as notas dos alunos também são pagas pelo mesmos, sem que se levantem suspeitas de conflito.
Aliás esta comparação ajuda a compreender a polémica que gerou o livro. Tal como os governos sujeitos ao rating, também os estudantes costumam protestar amargamente face as pautas que os avaliam. A diferença é que os ministros podem proibir ou regular as entidades que lhes dão má nota.

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