Este país não é para velhos

DESTAK | 06 | 03 | 2012   22.48H
José Luís Seixas
“Este País Não é Para Velhos” é a tradução portuguesa do título do filme “No Country For Old Men” realizado pelos irmãos Cohen. Poderia ser a legenda de uma qualquer fotografia do Portugal de hoje. A antiga “meia-idade”, apesar do aumento da expectativa de vida, envelheceu. Tornaram-se “velhos activos”, como os designa o “sociologuês” corrente. Têm filhos e netos. Empregos que pensavam em fim ou topo de carreira. Prepararam-se para uma senioridade social e profissional reconhecida. Ultrapassaram o cume do monte, com o património que construíram e a estabilidade que asseguraram. De um momento para o outro tudo se esboroou. Foram atropelados por uma nova geração com muita certificação e vigorosa auto-estima. Profissionalmente são indesejados porque caros. Socialmente constituem um problema social grave, misturando desemprego de longa duração com nova pobreza. Politicamente não conformam prioridade alguma. Os velhos - melhor estes novos velhos, também novos pobres e, por consequência, novos excluídos – são objecto de um breve e descomprometido apontamento na retórica política. Falamos de gente altamente qualificada. Académica e profissionalmente. Com percursos de dedicação ímpares. Mas é muito difícil percebê-los quando do mundo se conhecem as facilidades e se fruíram as oportunidades que estes novos velhos propiciaram a quem deles tão facilmente se esquece. Nada disto é novo. O jovem poder ascendente é o produto do seu erro fundamental: a assépcia do êxito e a vertigem do sucesso. Foram estes novos velhos que lhes ensinaram o esquecimento, o individualismo e o materialismo. Não se espantem, pois. A obra nunca desmerece o mestre.

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