Boa desculpa
JOÃO CÉSAR DAS NEVES
DESTAK
30 10 2008 07.54H
O Orçamento de Estado para 2009 não será cumprido. Uma das poucas certezas na discussão política destes dias é que o próximo ano terá, pelo menos, um Orçamento Rectificativo. Não só o cenário macroeconómico é largamente optimista, para lá do habitual, mas as rubricas orçamentais exageram muito acima das possibilidades. O desemprego não se manterá para o ano, o investimento não vai crescer, as receitas fiscais não aumentarão, as despesas com pessoal não vão cair acentuadamente.
Curiosamente, isto não criará grandes dificuldades ao Governo, porque o futuro falhanço será sempre atribuído à crise internacional. Por maior que seja a diferença entre o previsto e realizado, o executivo dirá que está inocente, porque tal provém de imponderáveis fora de contrôle, das hipotecas americanas à recessão europeia.
Aliás a mesma resposta justificará a ausência daquele grande processo de crescimento que nos vem sendo prometido há anos. Os ministros tinham tudo preparadinho para a prosperidade mas, infelizmente, lá veio a maldita crise e tudo se evaporou. A explicação tem plausibilidade porque, no meio do furacão, é impossível determinar quem tinha a casa arrumada.
O truque funciona ainda no grande sucesso da legislatura. O Governo orgulha-se de ter reduzido o défice orçamental para quase um terço em quatro anos. Fê-lo sobretudo à custa de medidas temporárias, aumentando impostos e congelando salários. Quando o remendo rompesse, o desequilíbrio regressaria. Mas agora todos sabemos que, quando o défice voltar, o Governo terá uma boa desculpa.
João César das Neves naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
DESTAK
30 10 2008 07.54H
O Orçamento de Estado para 2009 não será cumprido. Uma das poucas certezas na discussão política destes dias é que o próximo ano terá, pelo menos, um Orçamento Rectificativo. Não só o cenário macroeconómico é largamente optimista, para lá do habitual, mas as rubricas orçamentais exageram muito acima das possibilidades. O desemprego não se manterá para o ano, o investimento não vai crescer, as receitas fiscais não aumentarão, as despesas com pessoal não vão cair acentuadamente.
Curiosamente, isto não criará grandes dificuldades ao Governo, porque o futuro falhanço será sempre atribuído à crise internacional. Por maior que seja a diferença entre o previsto e realizado, o executivo dirá que está inocente, porque tal provém de imponderáveis fora de contrôle, das hipotecas americanas à recessão europeia.
Aliás a mesma resposta justificará a ausência daquele grande processo de crescimento que nos vem sendo prometido há anos. Os ministros tinham tudo preparadinho para a prosperidade mas, infelizmente, lá veio a maldita crise e tudo se evaporou. A explicação tem plausibilidade porque, no meio do furacão, é impossível determinar quem tinha a casa arrumada.
O truque funciona ainda no grande sucesso da legislatura. O Governo orgulha-se de ter reduzido o défice orçamental para quase um terço em quatro anos. Fê-lo sobretudo à custa de medidas temporárias, aumentando impostos e congelando salários. Quando o remendo rompesse, o desequilíbrio regressaria. Mas agora todos sabemos que, quando o défice voltar, o Governo terá uma boa desculpa.
João César das Neves naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
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