Gente de fé
Gente de fé
João César das Neves
DESTAK
16 10 2008 11.07H
Os recentes debates políticos mostraram muita gente de fé. Ao contrário do que se pensa, existem em Portugal multidões capazes de lutar com paixão por questões de princípio, no aborto, divórcio ou homossexualidade. De ambos os lados do debate.
Um militante do PCP ou Bloco de Esquerda é, em geral, uma pessoa de fé sólida, que apregoa fervorosamente os seus dogmas, cumpre ritos e respeita os seus mestres. Diz-se ateu e as suas posições são largamente opostas às de cristãos ou muçulmanos, mas o estilo é idêntico. Pode sentir isto como um insulto, mas é uma pessoa devota.
A cultura dominante menospreza a fé, considerada tacanha, boçal, supersticiosa. Compreende-se, pois a História mostra muitos fanatismos destrutivos. Isso aliás é já evidente nos actuais confrontos, onde os bem-intencionados activistas pretendem derrubar alegremente as regras básicas da família com consequências profundas que nem sequer entendem.
Tal como os seus igualmente bem-intencionados avós, apaixonados pela revolução proletária, criaram as maiores catástrofes do século passado. Mas as grandes mudanças da Humanidade, boas como más, só foram possíveis com pessoas de convicções fortes.
Por isso os actuais militantes dos movimentos contra a família, mesmo enganados, são pessoalmente muito melhores que tantos políticos do bloco central que, cínicos, interesseiros e desiludidos, apenas se excitam com interesses mesquinhos. Estes são mais sensatos, mas não fazem nem bem nem mal por falta de ânimo. Qualquer que seja a sua orientação, a fé é a grande força da humanidade.
João César das Neves naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
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