Dois patos...

Expresso, 20081018
Ricardo Durão

General na reforma considera intolerável a deturpação do termo ‘casamento’, que originará um efeito muito negativo nos aspectos ético, social e civilizacional
Dois patos são um par de patos. Duas patas são um par de patas. Um pato e uma pata são um casal de patos. Estes factos são incontroversos, até segundo a etimologia.
Como tal, não há casais do mesmo sexo nem dessa união resulta consequentemente qualquer casamento.
Uma futura legislação sobre ‘casamento’ entre indivíduos do mesmo sexo não tem o mínimo fundamento, é mesmo um autêntico dislate. Ao legislar-se sobre uma união entre homossexuais, conferindo-lhes direitos socio-económicos idênticos a um casal, ter-se-á que não a designar como casamento, que não é, mas como, entre outras designações possíveis, uma união contratual.
No entanto há que não esquecer outros pares do mesmo sexo que, não sendo homossexuais, vivam concretamente em união e perfeita comunhão. Para que estes não sejam descriminados pela sua orientação sexual, terão que ser abrangidos pela mesma legislação. Se assim não for, os referidos pares heterossexuais serão excluídos de direitos socio-económicos concedidos aos pares homossexuais; ou terão que fingir que são homossexuais? Nisto sim, tem que haver igualdade, não é evocar igualdade entre um par de homossexuais e um casal de heterossexuais porque são situações absolutamente diferentes. Aliás, assinale-se que quando se tratou das uniões de facto nunca surgiu a expressão casamento. Parece até que seria fácil alterar-se esta legislação de forma a englobar estes pares.
Já vivi o suficiente, tenho 80 anos, para poder analisar que a par de um progresso proveitoso para a humanidade, agentes diversos da dissolução se têm empenhado em provocar uma assinalável decadência que tem vindo a assolar a civilização dita ocidental, assumindo-se abusivamente como paradigmas do progresso e modernidade. Têm-no conseguido, na sociedade em que vivemos já só prevalecem dois valores, dinheiro e prazer, sendo constantemente propalado que é isso a felicidade.
De todos os indícios dessa decadência, este _ o ‘casamento’ entre indivíduos do mesmo sexo - é talvez o mais notável.
Lembro-me bem do tempo em que em conversa de café, o facto de alguém citar que ‘qualquer dia os homossexuais ainda se casam’, constituir uma boa piada que provocava grande hilaridade e sonoras gargalhadas, dado o insólito, inverosímil e ridículo da situação. Neste gáudio participava um homossexual.
A realidade é que os tempos passam, para o melhor e para o pior, e o tema em questão acaba por se concretizar, não como um valor positivo mas como uma confusão social. Não me move qualquer sentimento homofóbico, apenas considero intolerável a deturpação do termo casamento que originará um efeito muito negativo nos aspectos ético, social e civilizacional. Constituirá até uma provocação que incentivará a homofobia.
Estranho imenso que tendo ao longo da minha vida conhecido diversos homossexuais que, além das suas preferências sexuais, eram pessoas comuns, alguns até de superior inteligência e bom senso, cidadãos de corpo inteiro, não se aperceberam do ridículo da situação e da palhaçada em que são envolvidos. Ainda hoje não posso conter uma sonora gargalhada. Faço votos para que os homossexuais se dêem ao respeito. Não pode deixar de me ocorrer: para quando se legislará o ‘casamento’ com um companheiro adorado, o seu ‘Caniche’ ou ‘Lobo de Alsácio’...
Disparate? Tudo já é possível!

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