Aluno de 20 valores explica segredo do sucesso
SANDRA BORGES
JN 2015.07.16
Tudo certo. Nem uma milésima ao lado ou uma vírgula fora do lugar. Gonçalo obteve 200 pontos nos exames nacionais de Matemática A e de Físico-Química A e acabou o secundário com uma média final de 20 valores. Melhor era impossível.
"Foi para isto que trabalhei. É a recompensa de três anos de estudo no secundário, mas o trabalho já vem de antes porque sempre procurei ter bons alicerces para agora assimilar conhecimentos mais facilmente", explica Gonçalo Madureira, que tem apenas 18 anos, mas que há muito sabe o que quer.
Vive na aldeia do Pinhão e, desde o 10º ano, todos os dias percorria cerca de 20 quilómetros até à Escola Miguel Torga, em Sabrosa. "Sempre tive a noção de que era preciso trabalhar para conseguir aquilo que nos realiza. O estudo compensa", garante.
Estar atento nas aulas, estudar bastante e ter em conta a tipologia das questões que saem nos exames são o segredo de Gonçalo para obter boas notas. Medicina, na Universidade do Porto, é o curso há muito escolhido. "É aquele que satisfaz as minhas necessidades, é exigente e tem muitas opções", revela.
A investigação é a área que lhe enche as medidas até porque quer "continuar a estudar e contribuir para a produção cientifica do País". Aos cinco anos tinha um microscópio como brinquedo preferido. "Sempre gostou muito de fazer experiências e de investigação", lembra a mãe, Maria Jorge, que só teme que o futuro leve o filho para fora de Portugal.
Mas nem só de livros e estudo vive Gonçalo. "Não podemos deixar para segundo lugar as atividades fora do plano académico. É preciso encontrar um equilíbrio", acredita. É um leitor ávido e apreciador incondicional de séries, sobretudo ligadas a médicos. Gonçalo não se vê como um aluno "nerd", um "totó", e valoriza muito as relações com os amigos e a família.
Mesmo em época de exames, acompanhava a mãe nas caminhadas ao fim do dia. "Vou sentir muita falta dele quando for para a universidade porque é muito companheiro", lamenta Maria Jorge, que não se mostra surpreendida com estes resultados.
"É um orgulho muito grande mas já esperava porque ele sempre teve boas notas", revelou. Por ser professora e dar aulas longe de casa, passava a maior parte do dia fora. No início, não consegui acompanhá-lo como queria, mas ele sempre foi muito independente", conta.
O pai, Paulo Madureira, garante que Gonçalo é um jovem como os outros, com uma exceção: "quando queremos castigá-lo, não o deixamos estudar". Gonçalo garante que qualquer um pode ter boas notas. "Com esforço, tudo se consegue", remata.
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