Uma Europa que já não se envergonha com os muros
Raquel Abecasis | RR online 14-07-2015
Ouvimos os líderes europeus indignados? Não. Alguma directiva europeia proibiu esta enormidade? Não.
13 de Julho, dia em que a Europa e o mundo respiraram de alívio porque afinal o “Grexit” foi substituído por um acordo, duro para os gregos, mas que permite manter a coesão da zona euro.
No mesmo dia, um pouco mais a leste, a Hungria cumpria a promessa e começou a construir um muro com quatro metros de altura, ao longo de 175 quilómetros de fronteira com a Sérvia.
Ouvimos os líderes europeus indignados? Não.
Alguma directiva europeia proibiu esta enormidade? Não.
Alguém pressionou o senhor Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria nos conselhos europeus em que tem estado presente? Não.
As perguntas podiam continuar e seriam muitas a demonstrar o estado de apatia e sonambulismo em que caminhamos para a “desconstrução” europeia.
Uma Europa que vive obcecada com a economia e que despreza a democracia e a liberdade está condenada ao fracasso. Há 20 anos qualquer cidadão médio europeu percebia isto. Agora, ninguém entende.
A Hungria está a construir um muro para se proteger da entrada de imigrantes que vêm dos Balcãs e entram no país através da fronteira com a Sérvia. Percebeu bem! A desfaçatez é tal, que nem se desculpa com os perigos de possíveis agressões do país vizinho, a Sérvia, que por sinal está em processo de adesão à União Europeia.
O governo de extrema-direita do sr. Orban é tratado de igual para igual em Bruxelas pelos mesmos líderes europeus que defendem os palestinianos e vociferam contra Israel por causa do muro que o estado judeu construiu.
Será que o sr. Juncker, a sra. Merkel, o sr. Hollande e o sr. Passos Coelho acham que o nosso muro é melhor do que o deles, só porque está a ser construído na Europa?
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