Os dez anos do Infovitae

João César das Neves

07. 01. 2009

Os dez anos do Infovitae só fazem sentido dentro da história da Igreja perseguida. Não há outra razão para fazer uma coisa destas, para mais durante dez anos, senão como meio de apostolado cristão. E o apostolado cristão traz sempre consigo a perseguição. O Infovitae não é luta. É martírio.

Como foi previsto pelo seu Mestre, a Igreja tem sido perseguida ao longo de toda a sua história. Mas cada época enfrenta um novo inimigo, um ataque diferente, um outro tipo de desafio. A mensagem é sempre a mesma mas os erros multiplicam-se, porque a mensagem é infinita.

Neste tempo que é o nosso, paradoxalmente, a Igreja encontra-se quase sozinha na defesa de alguns dos valores mais básicos da humanidade. A vida dos mais frágeis e vulneráveis é hoje a atacada pela ânsia do prazer e a loucura da liberdade. Surpreendentemente no tempo dos direitos humanos é no mandamento «não matar» que estão as discussões.

Compreender que a luta do Infovitae é apenas mais um episódio do longo processo de perseguição à Igreja permite usar toda essa tradição como ajuda no embate quotidiano. Devemos trazer para os combates pela vida e pela família a experiência de milénios de perseguição e martírio, de milhões de mártires e confessores que, perante o desafio do seu tempo, testemunharam a mesma Presença que nós. Isso traz consigo algumas lições preciosas.

A primeira é que não devemos ter medo. «Não tenhais medo deles; porque não há nada encoberto que não venha a ser revelado, nem escondido que não venha a ser conhecido. Dizei à luz do dia o que vos digo na escuridão, e proclamai de cima dos telhados o que vos digo ao pé do ouvido. Não tenhais medo dos que matam o corpo mas não podem matar a alma. Deveis ter medo daquele que pode fazer perder-se a alma e o corpo no inferno. Não se vendem dois passarinhos por uma moeda de cobre? E nenhum deles cai por terra sem a vontade do vosso Pai. Quanto a vós, até mesmo os cabelos todos da cabeça estão contados. Portanto, não tenhais medo. Valeis mais do que muitos passarinhos.» (Mt 10, 26-31)

É normal, perante as ameaças, as derrotas e os sofrimentos, perder o ânimo, ficar indignado ou furioso. É habitual assustar-se, desfalecer, irritar-se. Quando isso acontecer devemos lembrar-nos sempre que já ganhámos. Cristo já ressuscitou e nós já ressuscitámos com Ele. O mundo não sabe isso, como não O conheceu quando Ele veio, mas essa é a verdade. Por isso não devemos temer, duvidar ou enfurecer-nos.

A luta que estamos a travar é um luta injusta, desigual, desequilibrada, mas é a nosso favor. Apesar das aparências, somos nós que estamos em escandalosa vantagem por termos do nosso lado o Senhor do Universo. Ter medo não só é errado. É também tonto.

A segunda lição que esta ligação da luta pela vida à perseguição da Igreja traz consigo é que não devemos confiar nas nossas forças. Tudo receamos da nossa fraqueza mas tudo esperamos da misericórdia de Deus. Isso está afirmado desde o princípio. «Sereis presos e perseguidos, sereis entregues às sinagogas e às prisões, e conduzidos diante de reis e governadores, por causa do meu nome. Assim tereis ocasião de dar testemunho. Gravai, pois, no vosso coração que não vos deveis preocupar com a vossa defesa, porque Eu próprio vos darei palavras de sabedoria, a que não poderão resistir ou contradizer os vossos adversários». (Lc 21, 12-15).

Temos de ter muito cuidado em não nos preocuparmos com a nossa defesa, porque ela está a ser tratada de outra forma. Esta é uma lição ainda mais difícil que a primeira, sobretudo neste tempo mediático e científico. Preparar a nossa defesa quando se está diante de reis e governadores, na televisão ou em debates é uma tentação forte e enganadora. Mas se confiarmos na nossa fraqueza desprezamos a misericórdia divina. Mas as palavras de sabedoria não são nossas.

Finalmente, a terceira e principal das lições a usar nesta luta pela vida é a ordem mais directa e clara que recebemos. «Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam. Abençoai os que vos amaldiçoam e orai por quem vos calunia.» (Lc 6, 27-28). O sofrimento e a gravidade dos crimes envolvidos tornam especialmente difícil que nós amemos aqueles que os cometem. Mas se Estevão amou Saulo, se Maximiliano Kolbe amou Hitler, se Cristo amou Caifás e Pilatos, a nós é muito menos difícil amar aqueles que se nos opõem.

Temos de compreender que o que os motiva é um amor enviesado à liberdade, uma compreensão distorcida do bem da mulher, acima de tudo um erro terrível na concepção do amor. Mas eles atacam-nos em nome da defesa da liberdade, da mulher e do amor, que é precisamente aquilo que nos motiva. Se compreendermos esta sua triste desorientação, será mais fácil cumprir aquilo que temos ordem para fazer, mesmo que não o compreendamos.

O Infovitae faz dez anos. Mas, mais importante do que isso, o Infovitae começa agora os seus segundos dez anos. Os nossos votos é que os passe sem medo, com palavras de sabedoria e com amor pelos inimigos. Parabéns!

Comentários

Maria João disse…
Muitos parabéns!!!




Cristo e Maria amam-vos muito!
beijos

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