Assembleia Municipal de Lisboa


Expresso, 20090131

João Pereira Coutinho

Ninguém nega que o estado de conservação patrimonial de Lisboa já conheceu melhores dias. Em certas ruas, para não falar de bairros inteiros, Lisboa lembra Gaza, sobretudo depois da passagem do exército israelita pela Faixa. Mas talvez seja excessivo procurar geminar a capital portuguesa com a cidade palestiniana, ao contrário do que pensa a Assembleia Municipal de Lisboa. Segundo sei, a dita Assembleia resolveu aprovar uma proposta lunática do Bloco de Esquerda para o efeito. Para além do Bloco, o PC-PEV também votou a favor. E o PS, o PSD e o CDS-PP, provavelmente para não estragarem a festa, ficaram-se pela abstenção.

Longe de mim vergastar a iniciativa do Bloco e o apoio dos comunistas e dos verdes. Metaforicamente falando, faz parte da natureza das coisas não desejar que uma mula se converta num cavalo. Mas o que mais impressiona nesta edificante história é a abstenção de três partidos políticos alegadamente "responsáveis". O PS, o PSD e o CDS-PP, pelos vistos, não consideraram bizarro, ou até ofensivo, que a capital portuguesa seja equiparada a uma cidade onde reina um grupo terrorista, financiado e treinado pela teocracia iraniana, e que serve de rampa de lançamento de rockets para que a quadrilha possa matar indiscriminadamente o maior número possível de civis israelitas.

Em condições normais, eu diria que os lisboetas mereciam melhor. Mas, atendendo à composição da Assembleia que os próprios elegeram, o mais certo é eles terem o que merecem.

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