Sobre os sacrifícios
Inês Teotónio Pereira , i-online em 26 Jan 2013
Os meninos não querem nem saber e nunca irão agradecer o esforçoe o sacrifício dos pais para conseguirem "o melhor" para os filhos
Os pais têm a mania bastante irritante de fazer sacrifícios pelos filhos. Desde o dia em que eles nascem que os pais se transformam em sacrificados, em mártires mesmo. E muito mais sacrificados ou mártires que um santo na altura da Quaresma. É que nós os pais não nos ficamos por sacrifícios pequeninos, como deixar de fumar ou deixar de comer doces. Fazemos muito mais do que isso e não o fazemos apenas durante 40 dias mas durante uma vida inteira. Os pais, mal os filhos nascem, fazem sacrifícios como deixar de dormir, de comer como deve ser, de se divertirem, de saírem, de viajarem, de ter sossego, de lerem, etc. Transformam-se numa espécie de sacerdotes dos filhos.
Tudo bem, são opções, apesar de me parecerem genericamente excessivas. Mas o pior é que mais cedo ou mais tarde vem a cobrança: "Ah, eu sempre me sacrifiquei pelos meus filhos. Sempre trabalhei para lhes dar o melhor e durante anos não dormi… E as minhas costas? Nunca mais saí à noite. O que eu passei com aquele miúdo, noites e noites a estudar matemática com o desgraçado. E agora… agora nem o vejo!"
Pois eu sou contra os sacrifícios pelos filhos. Os filhos não merecem nem querem sacrifícios dos pais. Eles nem os distinguem, nem sabem o que isso é. Se os pais se esgatanham todos os dias para que o menino tenha roupa de marca, coma bifes de lombo todos os dias ou ande numa escola privada, o problema é dos paizinhos. Se os pais deixam de sair porque o menino chora e "não fica com estranhos", azar dos desgraçados dos pais.
"Mas é o melhor para eles e nós temos a obrigação de lhes dar o melhor." Como? Obrigação? O melhor? Nada disso. Nós temos a obrigação de os educar de forma a eles descobrirem todas as capacidades que têm e de assumirem a sua autonomia com segurança. E isto já é muito. Muito mesmo. Quanto ao melhor, tenho as minhas sérias dúvidas. Melhor quê? Melhor escola em que aspecto? Melhor roupa para quê?
Os meninos não querem nem saber e nunca irão agradecer ou retribuir o esforço e o sacrifício dos pais para conseguirem "o melhor" para os filhos. E o defeito não é deles, isso não quer dizer que sejam injustos, ingratos ou egoístas, quer apenas dizer que são filhos. E os filhos, por definição, partem do princípio lógico de que os pais fazem o que têm de fazer por eles. Os pais é que sabem o quê, com que esforço, porquê, etc. Os filhos apenas navegam na onda que aparece. Não questionam, não avaliam, não reclamam e só exigem aquilo a que foram habituados, tipo vício. Acham com razão que os pais são suficientemente crescidinho para medirem o esforço/prejuízo/benefício. Quem são os filhos para interferirem numa avaliação tão complexa quanto esta?!
Ora esta avaliação, na minha modesta opinião, deve partir de um princípio: os pais têm obrigações a cumprir com os filhos e devem estabelecer prioridades. Mas essas obrigações e essas prioridades devem ser proporcionais ao bem-estar dos próprios pais. Se cumprir as ditas prioridades transforma a nossa vida num calvário, mais vale ajustá-las. Porque o melhor para os filhos é sem dúvida terem pais felizes e minimamente descontraídos. Nem que isso custe menos regalias ou menos conforto para os meninos. Isso sim, eles agradecem.
Os meninos não querem nem saber e nunca irão agradecer o esforçoe o sacrifício dos pais para conseguirem "o melhor" para os filhos
Os pais têm a mania bastante irritante de fazer sacrifícios pelos filhos. Desde o dia em que eles nascem que os pais se transformam em sacrificados, em mártires mesmo. E muito mais sacrificados ou mártires que um santo na altura da Quaresma. É que nós os pais não nos ficamos por sacrifícios pequeninos, como deixar de fumar ou deixar de comer doces. Fazemos muito mais do que isso e não o fazemos apenas durante 40 dias mas durante uma vida inteira. Os pais, mal os filhos nascem, fazem sacrifícios como deixar de dormir, de comer como deve ser, de se divertirem, de saírem, de viajarem, de ter sossego, de lerem, etc. Transformam-se numa espécie de sacerdotes dos filhos.
Tudo bem, são opções, apesar de me parecerem genericamente excessivas. Mas o pior é que mais cedo ou mais tarde vem a cobrança: "Ah, eu sempre me sacrifiquei pelos meus filhos. Sempre trabalhei para lhes dar o melhor e durante anos não dormi… E as minhas costas? Nunca mais saí à noite. O que eu passei com aquele miúdo, noites e noites a estudar matemática com o desgraçado. E agora… agora nem o vejo!"
Pois eu sou contra os sacrifícios pelos filhos. Os filhos não merecem nem querem sacrifícios dos pais. Eles nem os distinguem, nem sabem o que isso é. Se os pais se esgatanham todos os dias para que o menino tenha roupa de marca, coma bifes de lombo todos os dias ou ande numa escola privada, o problema é dos paizinhos. Se os pais deixam de sair porque o menino chora e "não fica com estranhos", azar dos desgraçados dos pais.
"Mas é o melhor para eles e nós temos a obrigação de lhes dar o melhor." Como? Obrigação? O melhor? Nada disso. Nós temos a obrigação de os educar de forma a eles descobrirem todas as capacidades que têm e de assumirem a sua autonomia com segurança. E isto já é muito. Muito mesmo. Quanto ao melhor, tenho as minhas sérias dúvidas. Melhor quê? Melhor escola em que aspecto? Melhor roupa para quê?
Os meninos não querem nem saber e nunca irão agradecer ou retribuir o esforço e o sacrifício dos pais para conseguirem "o melhor" para os filhos. E o defeito não é deles, isso não quer dizer que sejam injustos, ingratos ou egoístas, quer apenas dizer que são filhos. E os filhos, por definição, partem do princípio lógico de que os pais fazem o que têm de fazer por eles. Os pais é que sabem o quê, com que esforço, porquê, etc. Os filhos apenas navegam na onda que aparece. Não questionam, não avaliam, não reclamam e só exigem aquilo a que foram habituados, tipo vício. Acham com razão que os pais são suficientemente crescidinho para medirem o esforço/prejuízo/benefício. Quem são os filhos para interferirem numa avaliação tão complexa quanto esta?!
Ora esta avaliação, na minha modesta opinião, deve partir de um princípio: os pais têm obrigações a cumprir com os filhos e devem estabelecer prioridades. Mas essas obrigações e essas prioridades devem ser proporcionais ao bem-estar dos próprios pais. Se cumprir as ditas prioridades transforma a nossa vida num calvário, mais vale ajustá-las. Porque o melhor para os filhos é sem dúvida terem pais felizes e minimamente descontraídos. Nem que isso custe menos regalias ou menos conforto para os meninos. Isso sim, eles agradecem.
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