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A contra-revolução portuguesa de 2015

Sebastião Reis Bugalho | ionline 2015.12.31 António Costa não é revolucionário nenhum porque não vai trazer nada de novo; a Troika não é novidade em Portugal. O verdadeiro revolucionário foi Pedro Passos Coelho. A proximidade temporal da nossa República ao Estado Novo faz com que esta tenha um pendor mais à esquerda. O sistema eleitoral parece parado no tempo, causando constante turbulência governativa. A parcialidade da Constituição é gritante. A etimologia dos partidos políticos mostra isto mesmo. A direita tem que se disfarçar de centro-católica. Os conservadores chamam-se democratas-cristãos, os liberais chamam-se sociais-democratas e os sociais-democratas chamam-se socialistas. O facto de apenas o Partido Comunista coincidir com o seu nome prova o ponto. A bússola ideológica está atrasada e desequilibrada. Este fenómeno não é exatamente saudável para a Democracia, nem abona a favor do pluralismo. Vários progressistas torceram o nariz quando escrevi que defender acerrimam

O Ano Bissexto de 2016

Imagem
Observatório astronómico de Lisboa on   31 DEZ 2015  · Imagem da Terra em cor falsa, composta de fotos obtidas pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter (NASA). O limbo escuro lunar faz o horizonte. 2015 termina hoje, dia 31 de dezembro, às 23 h  59 m  59,(9) s . Contudo, nesse momento a Terra não terá completado a volta de translação ao Sol. São duas definições bem distintas. A descoberta e entendimento da duração do ano vem das mais antigas civilizações. Na velha Babilónia o estudo da periodicidade dos fenómenos celestes levou à previsão da sua ocorrência futura. As colheitas abundantes sempre associadas às épocas mais propícias ao cultivo, controlaram a sobrevivência da humanidade, mais concentrada no hemisfério norte do planeta na zona temperada, que passou a depender da previsão astronómica das estações. Por isso, o estudo do ano solar, da sucessão das épocas agrícolas e o ciclo das estações foi uma tarefa crucial, aperfeiçoada ao longo de milénios. Esta act

Um Bom Ano Novo

A nossa vida está cheia de pontos de recuperação (tal como os recovery points dos sistemas operativos dos nossos portáteis). Marcos de pedra ao longo da estrada que não só assinalam o caminho percorrido, como abrem horizontes renovados no percurso. Cada manhã, cada semana, começada pela missa do dia do Senhor, assinalando a Ressurreição, cada tempo litúrgico, a Páscoa, o Natal e hoje, o ano que muda, são oportunidades novas, são tempo de misericórdia, da Misericórdia de Deus e da nossa misericórdia para connosco mesmos. Neste Jubileu da Misericórdia que um bom ano que começa seja um ano de vida na misericórdia.  Pedro Aguiar Pinto

Barroso e os compadres do capital

JOÃO MIGUEL TAVARES Público 31/12/2015 - 00:05 Os meus desejos liberais são bem concretos: combater o capitalismo de compadrio. O meu problema com a conversa de treta do neoliberalismo português é este: em primeiro lugar, confunde políticas impostas a um país intervencionado com profundos desejos ideológicos; em segundo, falha na identificação daquele que é, de longe, o mais grave problema do país – essa terrível doença que em língua inglesa se chama crony capitalism, e que em bom português podemos traduzir por “capitalismo de compadrio”. A confusão entre um neoliberalismo fantasmagórico e um capitalismo de compadrio bem real tem como trágica consequência desviar as atenções daquilo que realmente importa: o vergonhoso e eterno concubinato entre partidos, deputados, ministros, empresas privadas e Estado. Aquilo que mais me encanita em prosas como as de Alfredo Barroso é não perceberem, ou fingirem que não percebem, que a batida caricatura neoliberal acaba por proteger as cost

Um ano, seis personagens

FRANCISCO ASSIS Público 31/12/2015 Esta legislatura não vai durar quatro anos. António Costa, para ter sucesso, terá de ter condições para escolher o tema e o momento da crise política anunciadora do seu fim. Várias personagens e múltiplos acontecimentos marcaram o ano que agora finda. Sem a preocupação de um inventário exaustivo cingir-me-ei à apreciação daquelas que me parecem ter sido as personalidades mais relevantes no período em apreço. António Costa – O Primeiro-Ministro – numa interpretação restritiva da política enquanto actividade associada ao exercício do poder – é, sem qualquer dúvida, a grande personalidade do ano. Depois de ter derrotado o anterior Secretário-Geral do PS nas primeiras primárias abertas realizadas no nosso país assumiu a liderança do partido num contexto reconhecidamente difícil. Três problemas se lhe  colocaram de imediato: a exagerada expectativa de caracter sebastiânico-populista projectada na sua figura; a aparente melhoria das condições eco

Eu vi o Presepio.... Na Cidade

Sofia Guedes Um Presepio muito simples, muito discreto, muito pobre... Foi este o Presepio que eu vi na Cidade! Quando entrei há 15 anos, não quis mais sair de lá! Entrar neste presepio lembra-me a passagem pela porta estreita.... No primeiro momento não apetece entrar, dá trabalhou subir o degrau, faz frio, é incômodo, falta espaço, temos vergonha .....mas esse é mesmo o que nos é  proposto entrar.... para então percebermos o que está do lado de lá... Este Presepio tem vida. Lá dentro conhece-se Aquele que veio para nos dar a vida. Lá conhecem -se bem aventurados.... Lá confirmamos o quanto é a misericórdia de Deus para connosco.... Lá dentro tocamos o nosso coração, porque nos vemos "despedidos" diante de Deus e reconhecemos  como andamos escondidos... Não vi País Natais, não reparei em luzes artificiais, não entrei em lojas, não me cansei! Descansei nesse frio, nesse incomodo, nesse pouco espaço, e subi esse degrau que tento fazer em cada ano.... E agora, neste

Lusofobia

Viriato Soromenho Marques DN20151230 Lula da Silva escolheu a Espanha para reativar um dos tiques culturais de alguma elite brasileira contra o colonizador português. Culpou Portugal pelo facto de a primeira universidade brasileira ter sido fundada apenas em 1922. Para além de ignorar as iniciativas lusas em matéria de ensino superior, em 1792, no Rio de Janeiro (Ciências Militares), e em 1808, na Bahia (Medicina), Lula fez cair para cima da herança lusa um século de independência brasileira (1822-1922). Como Pedro Calafate tem escrito, a procura de um paradigma não português para inspiração cultural alternativa atravessa todo o século XIX do país irmão. Não só o positivismo francês, imortalizado na bandeira nacional adotada em 1889, como um germanismo mítico, com Tobias Barreto, ou um indigenismo romântico em Gonçalves de Magalhães e Oswald de Andrade (tupi or not to be...). Contudo, Lula ignora os grandes vultos contemporâneos da Academia brasileira. Não só o luso tropicalismo

A geração mais bem preparada de sempre

Nuno Gonçalo Poças,  Estado Sentido , 30.12.15 Há umas semanas, num restaurante de Lisboa, tive o prazer de ter uma família numa mesa ao lado que não me tem saído da memória. Um casal, um filho e a sogra. A criança, de 5 ou 6 anos, passou o jantar colado a um iPad, a jogar uma porcaria qualquer. Não pousou por uma vez o aparelho, nem enquanto comia. Os pais e a avó não lhe dirigiram a palavra uma única vez. Reinou a harmonia familiar. Não é um caso isolado. Cenários deste género fazem parte do nosso quotidiano. E crianças como aquela são hoje a nossa realidade. Um iPad nas mãos e não me aborreças. Este é um facto. Há uma geração de pais que está a criar monstrinhos alienados. É a geração que é incapaz de lidar com o sacrifício, com o sentido de dever, com a responsabilidade familiar, porque é fruto de uma época de paz e de prosperidade, porque é fruto da lógica de filho único e de infantocentrismo, porque foi moldada para o sucesso profissional e não para o compromisso familiar.

Vida. E o Natal

Maria João Avillez Observador 30/12/2015, 15:50 Marcelo enredou-se numa soma de considerandos tão demagógicos que se fica de boca aberta. Há mais cómodo, mais fácil, mais popular, do que evocar os “cortes na Saúde” num país como o nosso? Deem-me uma manhã e também renasço. Manhã é vida. Os dois fortíssimos recomeços de que é feita – o do dia e o da própria vida – fazem dela um espaço de tempo próprio, gloriosamente único. Sim, deem-me uma manhã mas uma manhã toda, a manhã intacta, a manhã inteira, para recomeçar. Como neste Natal que também é promessa de recomeço mas este ano parece que quase levou sumiço. Não foi fácil dar com ele, (talvez nos corações?), não vi presépios, nem cartões, nem alusões, nem sequer ao espírito de família, a não ser nos anúncios. Passou de moda, foi uma época, saiu dos radares? Assim parece que nos surge, substituído, em clima de aparente anuência, pela obrigatoriedade da “prenda” e confinado ao “onde comer”. Talvez tenha de facto chegado uma espécie

Uma oportunidade para um partido com coragem

Porque vai fazer com que os que sejam realmente conservadores no CDS tenham de começar a trabalhar a sério Eu não tenho problemas pelo CDS ser um partido de betos. Eu tenho problemas pelo CDS ser um partido sem coragem. As vozes tidas por esclarecidas são as que pedem para ir à casa de banho sempre que o assunto exige clareza moral. Divórcio, aborto, o chamado casamento homossexual, adopção por ditos casais homossexuais, e podia continuar. Ou o CDS começa a querer conservar alguma coisa concreta ou restringe ao nosso capitalismo coxo a sua única causa - mas para isso já temos o PSD. Esta é a 5ª das cinco razões porque Paulo Portas sair do CDS é uma boa notícia  (comentário de Tiago Cavaco à declaração de saída da liderança do CDS de paulo Portas)

Onde está o presépio?

Há países onde é proibido festejar o Natal ou ir à missa e onde se é morto por se ser em cristão; há outros onde é proibido enfeitar montras, montar iluminações ou decorar as ruas com qualquer coisa alusiva ao Natal para não "ofender" outras religiões. Desconfio que por cá não vai ser preciso proibir nada, nós damos conta do recado sozinhos. Cenas de Natal  Inês Teotónio Pereira

Fábulas de velhice

João César das Neves DN 2015.12.30 O que têm Han Solo, Marine Le Pen e António Costa em comum? Uma das questões mais decisivas da humanidade: envelhecimento. O fim do ano é boa altura para falar de idade, pois lembra que a velhice tem pouco que ver com evolução cronológica. Há quem envelheça na adolescência e quem se mantenha sempre jovem. Algo ou alguém só fica velho quando se fecha em si, quando deixa de frutificar, caindo na nostalgia, na repetição e na auto-referência. Uma floresta renasce todos os anos enquanto empresas viçosas caem subitamente na decadência. A saga Star Wars é uma fábula na arte de rejuvenescer. O filme de 1977 representou espantosas novidades na ficção científica, então decadente. Nova estética, novas ideias, enredo original. Mais notável, as continuações de 1980 e 1983 acrescentaram elementos inspirados e inesperados ao quadro inicial. Nasceu um marco na história do cinema que, embora datado numa arte que evolui rapidamente, ainda é visto com agrado.

A banca ou a vida

LUCIANO AMARAL CM 28.12.2015 Não basta atirar as culpas para o "governo da direita". É preciso explicar tudo muito bem.  A primeira coisa a perceber sobre o BANIF é que o banco não foi comprado pelo Santander. Foi oferecido. Melhor, o Estado pagou para que o Santander ficasse com o BANIF. É o que significa o facto de o Santander ter dado 150 milhões de euros enquanto o Estado e o Fundo de Resolução da banca lá colocaram 2,3 mil milhões. Isto para além de um conjunto de garantias várias (mais o risco de não se venderem os activos que ficaram no veículo "tóxico"). Ora, para esta operação catastrófica não basta atirar as culpas para o "governo da direita". É preciso explicar tudo muito bem. Com certeza que o governo PSD-CDS tem responsabilidades, desde a decisão de ficar com cerca de 60% do capital do BANIF até à manutenção em funcionamento durante três anos daquele autêntico vegetal bancário. Mas é preciso que se explique porque é que uma "vend

Sobre uma espécie de obituário delirante que ALC comete no Público

O Insurgente  Posted on Dezembro 29, 2015 by Jorge Costa Sim, o Público chegou a ser importante. Sim, o Público entrou numa degenerescência sem fim à vista e, sim, a Alexandra Lucas Coelho, com o seu jornalismo de causas, ou melhor, da sua causa, foi uma das principais razões para eu deixar de comprar e ler o Público, que se tornou num produto manhoso, sem mais. A causa da Alexandra Lucas Coelho, a causa a que me refiro, foi a que a tornou conhecida: a difamação permanente de Israel, que no caso dela parece confundir-se com um ódio profundo, irracional. Há limites para tudo, só não há, parece, para a manipulação jornalística a que o Público parece ter-se consagrado em exclusivo e a Alexandra Lucas Coelho praticou anos a fio com tanto enlevo. Mas isso pertence ao passado, como ao passado parece pertencer o Público. Ainda li alguns parágrafos desta lengalenga . Não achei que valesse a pena continuar, quando cheguei a esta passagem: «Projectos como este jornal podem, devem, actuali

Nunc Dimitis

Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo,  porque os meus olhos viram a vossa salvação,  que pusestes ao alcance de todos os povos:  luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo.  Lc 2, 29-32

Cenas de Natal

Inês Teotónio Pereira, ionline 20151229 Já não deve faltar muito até chegarmos todos à conclusão que afinal quem nasceu no dia 25 de Dezembro foi o Pai Natal. Fui com os meus filhos a uma das dezenas aldeias de Natal que hoje em dia fazem concorrência às rotundas que as câmaras tanto gostam de inaugurar ou às feiras medievais importadas de Espanha que durante o Verão fazem de nós todos parvos.  As aldeias de Natal são o novo fenómeno municipal e como eu não perco fenómenos, peguei na criançada e fui ver. Eu e mais milhares de famílias. Foi giro: vimos duendes, renas, fadas, mais uns duendes e uma fadas, uns palhaços e umas casinhas com neve a fingir no telhado, mais uns duendes e umas fadas, também vimos umas árvores de Natal, bonecos de neve, presentes embrulhados e mais renas. A coisa correu bem: não houve birras nem lutas. No fim ainda consegui negociar com os meus filhos e eles condescenderem não irmos para a fila tirar uma fotografia com o Pai Natal em troca de um bolo que c

Alfredo Barroso e o gambuzino neoliberal

JOÃO MIGUEL TAVARES 29/12/2015 A esquerda neo-histérica continua toda entretida com a sua caça ao gambuzino neoliberal Na véspera de Natal, Alfredo Barroso deixou-me uma prenda no sapatinho do PÚBLICO: um texto que me é dedicado (“Sobre o neoliberalismo fantasmagórico”), com bonitas acusações de “arrogância” e de “ignorância atrevida” por eu não estar disposto a reconhecer que o governo de Pedro Passos Coelho “virou radicalmente à direita”. Barroso, pelo contrário, sempre impressionante na sua modéstia e sapiência, declara urbi et orbi que “as políticas postas em prática pelo Governo Passos/Portas eram oriundas do mais puro e duro neoliberalismo”, apoiando-se para tal em citações de intelectuais ponderados e profundos conhecedores da situação portuguesa, como é o caso de David Harvey e Slavoj Žižek. Meio a contragosto, sou obrigado a regressar ao tema do “neoliberalismo fantasmagórico”, não porque os comentários de Alfredo Barroso tenham ponta por onde se lhes pegue, mas porqu

A propósito da morte no S. José

PAULO RANGEL Público 29/12/2015 Os hospitais de Lisboa, em que se passou este terrível episódio, têm muito mais meios do que tem Coimbra ou de que tem o Porto e, no entanto, não são capazes de gerar respostas de idêntico nível. No dia e na hora em que a televisão – na esteira do Correio da Manhã – noticiou que um jovem de 29 anos, David Duarte, morrera no Hospital de S. José, em Lisboa, na sequência de um incidente provocado por um aneurisma, eu estava a ver o noticiário televisivo. Assim que explicaram que a morte se teria ficado a dever presumivelmente à inexistência de neurocirurgiões de serviço durante o fim-de-semana, fiquei chocado e reagi veementemente, como facilmente pode atestar a familiar que estava ao meu lado. É absolutamente inadmissível que um caso destes possa ter ocorrido. É estranho que um hospital daquela envergadura viva com aquela lacuna ou que não tenha um procedimento protocolar já estabelecido com outros hospitais da área da grande Lisboa. Mais estranho m