Juramento
Lembras-te, Amor? No alvor do
casamento
Baixou sobre nos dois a luz
dos céus.
Nossos olhos beijaram-se um
momento;
E fizemos, então, o juramento:
- Só um do outro e os dois de
Deus!
Lutei para cumprir o
prometido.
Meu corpo e a minha alma são
só teus.
Quando a voz das paixões me
traz vencido,
A voz do amor segreda-me ao
ouvido:
-Só um do outro e os dois de
Deus!
A minha volta soa, noite e dia
A risada escarninha dos ateus...
Cravam-me os estiletes da
ironia;
Eu calo, e rezo a minha
litania:
-Só um do outro e os dois de
Deus!
Cerca-me a tentação, velha
serpente!
Escondem-me o horizonte negros
véus.
Que importa, meu Amor?
Teimosamente,
Hei-de gritar a Vida, frente a
frente:
-Só um do outro e os dois de
Deus!
E amanha, quando a Morte, de
mansinho,
Vier pedir ao Mundo o nosso
adeus,
Hão-de os anjos cantar,
devagarinho:
- Terão na eternidade um só
caminho,
Pois são só um do outro e os
dois de Deus!
(lido nos 25 anos de casados da Mimi e do José Miguel Esperança Martins)
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