Clareza

D. Nuno Brás
Voz da Verdade, 2013-10-20

Afinal, a lei não passou. O Código Penal do Equador continua a defender a vida humana desde o seu início, como aliás se encontra escrito na Constituição do próprio país. Apesar disso, durante a discussão de uma nova redação do Código Penal, alguns deputados tentaram uma liberalização do aborto.
O Presidente da República equatoriano, Rafael Correa, anunciou, no passado dia 10 de Outubro, que "se um grupo de pessoas muito desleais conseguir que a despenalização do aborto seja incluída no novo Código Penal, eu imediatamente apresentarei a renúncia ao meu cargo". "Jamais aprovarei a despenalização do aborto" — afirmou ainda.
Contudo, se é certo que a lei não passou — quem sabe se pelo facto de o Presidente da República ter sido assim tão claro — não deixa de ser digna de nota a posição deste político, até porque, habitualmente, não é isso que acontece, em particular nestes casos de defesa da vida.
Na sua grande maioria, os políticos (pelo menos aqueles de que ouvimos mais falar, no nosso país e não só) deixam-se ir na opinião dos grupos de pressão abortistas e nas campanhas mediáticas que são promovidas, constante e insistentemente, em favor dos temas que, nesta cultura da morte, vão marcando a agenda. Têm medo da opinião pública; têm medo de perder votos nas próximas eleições, e descartam-se com a privacidade da consciência.
Mais que promessas, que a grande maioria sabe que nunca poderá cumprir, deve passar antes a importar a clareza dos políticos diante dos eleitores. Sabemos que não existem seres humanos sem pecado — e, por isso, é natural que logo alguém descubra uma qualquer falta no passado de um político que fale de um modo assim claro. Mas o facto é que, hoje, a clareza diante dos eleitores deveria ser essencial, antes e depois da eleições.
Este caso do Equador, é um caso raro. Não deixa de ser estranho que, pelo menos que tenha notado, nenhum meio de comunicação português tenha dado notícia!

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