O grande milagre de Nossa Senhora do Pilar

No dia 3 de agosto de 1637, um empregado agrícola, Miguel Juan Pellicer (1617-1647), nascido em Calanda, numa família de sete irmãos, caiu de um reboque, em Castellon de la Plana.
Uma roda atingiu-lhe a perna direita, esmagando "o centro da tíbia" (artigo 7 do Processo, citado por Deroo, 1977, 24). Ele foi acolhido no hospital de Valência.
Sentindo dores insuportáveis, decidiu viajar até Saragossa para se colocar sob a proteção da Virgem do Pilar. A viagem durou cinqüenta dias "de carona em carona".
Era preciso percorrer 300 quilômetros sob um sol violento. Em inícios de outubro, finalmente, o jovem chegou a Saragossa. Estava extenuado, sentia-se morrer e, arrastando-se, de joelhos, até o santuário, entregou-se à Virgem do Pilar: "Salva-me pois estou morrendo!"
Apesar de ter sido internado no Hospital de Saragossa e de ter recebido tantos e diferentes remédios, não foi curado. No final do mês, sua perna foi amputada "quatro dedos acima do joelho", única solução para salvar-lhe a vida. Só obteve alta um ano após, na primavera de 1638, tendo recebido muletas, perna artificial e uma carteirinha que lhe permitia exercer a actividade de mendicância.
Reduzido à mendicidade, pedia esmolas em frente ao santuário, mas foi reconhecido por alguns peregrinos, habitantes de Calanda, que o incentivaram a retornar à casa dos pais. Na quinta-feira, 29 de março de 1640, entre as 22 e as 23 horas, Miguel Juan Pellicer jantou com os progenitores, dois vizinhos e um soldado da cavalaria, que estava de passagem, a quem a família ofereceu hospedagem, justamente, o quarto do filho. Sem o seu catre, Miguel adormeceu, então, no quarto dos pais. Pouco depois, a mãe do jovem entrou no quarto e sentiu intenso perfume "como de Paraíso" e percebeu que dois pés se mostravam, fora da coberta. Chamou, então, o pai e os ambos pensaram que se tratava do soldado que teria errado de quarto, mas, ao levantarem a coberta, descobriram que era o próprio filho e que a perna amputada reaparecera, com as mesmas características e cicatrizes e um círculo vermelho no local onde fora amputada!
Um processo canônico teve início em 5 de junho de 1640. No dia 22 de abril de 1641, a Câmara Municipal de Calanda elegeu Nossa Senhora do Pilar como padroeira da cidade. Em seguida, no dia 27 do mesmo mês, Monsenhor Apaolaza, arcebispo de Saragossa, anunciou: "Nós dizemos, pronunciamos e declaramos que Miguel Juan Pellicer (...) recuperou, milagrosamente, a perna direita que havia sido amputada; esta restituição não foi obra da natureza, mas foi operada de maneira admirável e milagrosa e deve ser registrada como um milagre" (AASS, julho, t. VI, 120 e Copia literal y auténtica del Proceso y sentencia de calificacio´n, Saragossa, 1940, 28, citado em sua tradução francesa por Deroo, 79). A medalha comemorativa do milagre foi cunhada em 1671. Algumas pessoas associam este milagre a uma aparição da Virgem Santíssima.
Na realidade, nada garante tal classificação. Miguel Juan invocara Nossa Senhora do Pilar antes de adormecer e "ele se viu, em sonho, na capela de Saragossa, untando, com os óleos das lâmpadas que estavam acesas diante da Virgem Maria, o coto dolorido da perna amputada".

Relatado no Dicionário das Aparições do Pe. René Laurentin, Fayard, 2007

Comentários

c. victor disse…
eu acredito sim ¬¬

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