MAIS REGULAÇÃO?
Diário de Notícias, 20081101
João Miranda
Investigador em biotecnologia - jmirandadn@gmail.com
Os economistas americanos continuam a estudar e a debater as causas da crise financeira. Deviam prestar mais atenção aos políticos portugueses. Vital Moreira, José Sócrates e Manuel Alegre já sabem a resposta. A "culpa" é da falta de regulação dos mercados financeiros. Falta de regulação? Mas então para que servem os bancos centrais, as autoridades reguladoras das bolsas de valores, os acordos de Basileia, os ministros das Finanças, os parlamentos e as autoridades para a concorrência? Não existem mercados mais regulados do que os mercados financeiros. E, no entanto, para os políticos a regulação pública nunca é suficiente. Porquê?A informação económica está dispersa por toda a economia. Cada agente conhece a sua própria situação económica, mas desconhece os detalhes da situação económica dos restantes agentes. Os mercados financeiros permitem que a informação circule entre os agentes económicos através dos preços dos títulos cotados em bolsa. Preços baixos sinalizam escassez de capital e estimulam o investimento, preços altos sinalizam excesso de capital e levam ao desinvestimento. Este mecanismo de comunicação de informação através dos preços regula o mercado mesmo quando não existe um regulador público.O regulador público desconhece os detalhes da situação económica de todos os agentes. Mesmo assim, tenta condicionar a acção livre dos agentes económicos. A regulação é sempre insuficiente porque as correcções introduzidas pelos reguladores nos mercados deturpam o mecanismo de comunicação através dos preços. Os preços passam a transmitir informação falsa. Os investidores são convencidos pelos preços de que existe escassez em sectores onde na realidade existe excesso de investimento e são convencidos de que existe excesso de investimento em sectores onde existe escassez. Quanto mais a regulação interferir com a liberdade económica, pior será o funcionamento dos mercados. Os políticos terão sempre a mesma receita: mais regulação.
João Miranda
Investigador em biotecnologia - jmirandadn@gmail.com
Os economistas americanos continuam a estudar e a debater as causas da crise financeira. Deviam prestar mais atenção aos políticos portugueses. Vital Moreira, José Sócrates e Manuel Alegre já sabem a resposta. A "culpa" é da falta de regulação dos mercados financeiros. Falta de regulação? Mas então para que servem os bancos centrais, as autoridades reguladoras das bolsas de valores, os acordos de Basileia, os ministros das Finanças, os parlamentos e as autoridades para a concorrência? Não existem mercados mais regulados do que os mercados financeiros. E, no entanto, para os políticos a regulação pública nunca é suficiente. Porquê?A informação económica está dispersa por toda a economia. Cada agente conhece a sua própria situação económica, mas desconhece os detalhes da situação económica dos restantes agentes. Os mercados financeiros permitem que a informação circule entre os agentes económicos através dos preços dos títulos cotados em bolsa. Preços baixos sinalizam escassez de capital e estimulam o investimento, preços altos sinalizam excesso de capital e levam ao desinvestimento. Este mecanismo de comunicação de informação através dos preços regula o mercado mesmo quando não existe um regulador público.O regulador público desconhece os detalhes da situação económica de todos os agentes. Mesmo assim, tenta condicionar a acção livre dos agentes económicos. A regulação é sempre insuficiente porque as correcções introduzidas pelos reguladores nos mercados deturpam o mecanismo de comunicação através dos preços. Os preços passam a transmitir informação falsa. Os investidores são convencidos pelos preços de que existe escassez em sectores onde na realidade existe excesso de investimento e são convencidos de que existe excesso de investimento em sectores onde existe escassez. Quanto mais a regulação interferir com a liberdade económica, pior será o funcionamento dos mercados. Os políticos terão sempre a mesma receita: mais regulação.
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