Atentado mudou visão de João Paulo II sobre Fátima e despertou admiração por portugueses

DESTAK
04 11 2008 17.28H
O antigo secretário de João Paulo II Stanislaw Dziwisz revelou hoje que o atentado falhado na Praça de São Pedro, em Roma, mudou a visão do anterior Papa sobre Fátima, despertando a sua admiração pelos peregrinos portugueses.
Lusa
O agora cardeal-arcebispo de Cracóvia encontra-se em Portugal para assinalar os 40 anos da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa e a abertura da exposição "Karol Wojtyla - a fé, o caminho, a amizade. Excursões com os amigos (1952 - 1954)".
Numa conversa com os jornalistas na Embaixada da Polónia, o purpurado e antigo secretário pessoal do Papa, recordou João Paulo II como “um homem de grande pensamento e sobretudo de grande oração”, abordando a sua ligação a Fátima e da tentativa de atentado durante a sua primeira visita a Portugal a de 12 de Maio de 1982.
Recordou ainda as três vezes que esteve em Fátima a acompanhar o Santo Padre e falou da sua afeição pelo homem que acompanhou durante 38 anos.
“Posso dizer que tenho uma grande recordação das três visitas do Papa a Portugal” e “não posso esquecer quando veio para agradecer à Nossa Senhora de Fátima pela sua vida”, começou por contar Stanislaw Dziwisz.
O cardeal polaco adiantou que João Paulo II estava convicto que a Nossa Senhora de Fátima o “salvou do grande perigo que foi o atentado na Praça de São Pedro”, a 13 de Maio de 1981, protagonizado pelo turco Ali Agca.
Nas palavras do cardeal polaco, este momento mudou a atitude de João Paulo II sobre Fátima: “antes do atentado, não se ocupava muito da mensagem de Fátima, mas certamente conhecia o Santuário e sabia da devoção a Nossa Senhora, muito difundida em todo o mundo”.
“Mas logo depois do atentado na Praça de São Pedro, a sua atitude mudou. Ficou convencido que a Nossa Senhora de Fátima o salvou e ele mesmo entrou no segredo da mensagem de Fátima”, sublinhou.
A terceira parte do segredo de Fátima foi interpretada pelo Vaticano como uma referência ao atentado falhado de 1981, ligando pessoalmente João Paulo II à mensagem mariana da Cova da Iria.
O religioso lembrou nas Aparições, Nossa Senhora havia pedido a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, o que se cumpriu com a “presença de todos os bispos [russos] na Praça de São Pedro” e com o testemunho de muitos bispos do Leste da Europa, já no pontificado de João Paulo II
“Hoje sabemos que essa mudança foi enorme, a maior revolução que aconteceu no mundo sem derramamento de sangue”, sublinhou.
Portugal era muitas vezes motivo de conversa entre Stanislaw Dziwisz e Karol Wojtyla, sobretudo nas datas de 13 de Maio e 13 de Outubro, ocasião em que o Santo Padre se dirigia à varanda na Praça de São Pedro e rezava e cantava o “Avé Maria”.
“Isso aproximava-o do povo português”, disse Stanislaw Dziwisz, contando que João Paulo II admirava a devoção dos fiéis a Nossa Senhora de Fátima, com milhares de pessoas a rezar em uníssono.
O Papa “não podia deixar de admirar a devoção, oração e capacidade de sacrifício dos peregrinos”, frisou.
O arcebispo de Cracóvia lembrou outro momento na vida do Papa, aquando da sua primeira visita a Portugal para agradecer à Virgem por tê-lo salvo do atentado sofrido em Roma.
“Foi um facto gravíssimo. O Papa dirigia-se ao altar quando um homem com vestes eclesiásticas se dirigiu a ele para o atingir, mas Graças a Deus foi bloqueado”, disse Dziwsz, aludindo ao ataque protagonizado pelo padre espanhol Juan Krohn que foi preso e condenado por tentativa de homicídio.
Segundo Dziwisz, o Papa acabou a celebração, benzeu Krohn e ficou desapontado com a situação, sobretudo por terem atirado o agressor ao chão.
“Ele quis defendê-lo mas havia muita confusão”, lembrou.
O arcebispo contou que quando regressavam a casa viu manchas de sangue, mas o Karol Wojtyla deu-lhe “pouca importância porque não representou nenhum perigo para a sua vida e para não aumentar a atmosfera de fricção”.
O Papa era uma “pessoa delicada e sensível e não deu a conhecer esta situação para não prejudicar o agressor e não aumentar a atmosfera de tensão”, sustentou, contanto que João Paulo II perdoou logo o agressor, foi vê-lo ao hospital e à prisão e chamava-o de “irmão”.
“Isto fazem os santos, não há mais nada a dizer”, frisou.
Sobre a admiração das pessoas por João Paulo II, o cardeal polaco disse que continua a haver uma “contínua procissão de pessoas que continuam a acorrer à sua sepultura para rezar por ele”.
“Ele pouco falava nos últimos anos de vida, mas sentia muito. Era muito sensível ao sofrimento dos outros e rezava por eles, mesmo até durante as audiências”, lembrou com saudade.
Sobre a beatificação de João Paulo II, o cardeal polaco afirmou apenas que “a decisão principal foi tomada, esperamos os sinais do céu”.

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