Os perigos da idade

DESTAK | 29 | 10 | 2013
José Luís Seixas

A velhice ou, como é corrente ouvir-se, a Terceira Idade, merece a maior veneração. País que não respeita, cuida e homenageia os seus velhos não merece ter futuro e, seguramente, não terá, a prazo, memória.
A velhice não é nem doença nem fatalidade. É contingência. Mais uma fase da vida. Com as suas características e as suas vulnerabilidades. Como qualquer outra.
Há velhos que resistem melhor ao desgaste da idade e outros que sucumbem mais facilmente à erosão do tempo. O segredo, como alguém dizia, está, não em dar mais anos à vida, mas sim em dar mais vida aos anos. 
Por isso, cumpre a quem rodeia os velhos (palavra digna que esmaga o conceito de idoso, o qual, em última ratio, nada define e a todos engloba) proporcionar-lhes conforto físico e psicológico. E honrar e dignificar o seu nome e a marca que deixaram.
A senilidade é frequente e não pode constituir um estigma. Por isso, importa que, quando ela é evidente, alguém próximo saiba resguardar o velho de si próprio, evitando que os seus actos de inconsciência obnubilem a lucidez com que marcou o seu passado. 
Ao ler o artigo que ontem Mário Soares fez publicar no Diário de Notícias fiquei inquieto: porque será que ninguém o defende dos seus impulsos hoje manifestamente descontrolados?
Levado a pente fino, o artigo em causa é de uma gravidade inquietante. Desde o apelo à rebelião, até à sucessão de calúnias, sobre tudo discorre com uma insólita leviandade e sob um manto de impunidade inexplicável.
De duas uma: ou sempre foi assim, embora controlado por alguma clarividência, ou, o que é muito triste, já ninguém se dá ao cuidado de o levar a sério…!

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