Quem votou em Manuela Ferreira Leite?
Público, 2011-04-14
Helena Matos
Segundo a Comissão Nacional de Eleições, 1.653.665 portugueses, que representam uns escassos 29,11 por cento dos eleitores. Mas a avaliar pelo número de pessoas que agora afirma que Manuela Ferreira Leite tinha razão em 2009, há que convir que estamos perante um dos maiores mistérios da nossa história eleitoral, pois Manuela Ferreira Leite teve um dos piores resultados eleitorais de que há memória no seu partido. E sobretudo nesse ano de 2009 nunca lhe foi reconhecida razão alguma: não havia título em que ela não tivesse sido "arrasada", fosse por Sócrates, o "demolidor", ou por um qualquer militante do PSD desgostoso com as listas. Toda e qualquer decisão que tomasse "incendiava" o partido. Enfim, uma catástrofe a que se juntava a ridicularização constante pelo facto de ser mulher e, segundo alguns desses profissionais da piada, velha e feia. Não é nem uma coisa nem outra e sobretudo aguentou o que poucas mulheres aguentariam e que, tanto quanto me recordo, nenhum homem na política portuguesa teve de aguentar. Agora dão-lhe razão.
O que me espanta não é que lhe dêem razão em 2011, mas sim que não se interroguem por que lhe dão razão agora.
Helena Matos
Segundo a Comissão Nacional de Eleições, 1.653.665 portugueses, que representam uns escassos 29,11 por cento dos eleitores. Mas a avaliar pelo número de pessoas que agora afirma que Manuela Ferreira Leite tinha razão em 2009, há que convir que estamos perante um dos maiores mistérios da nossa história eleitoral, pois Manuela Ferreira Leite teve um dos piores resultados eleitorais de que há memória no seu partido. E sobretudo nesse ano de 2009 nunca lhe foi reconhecida razão alguma: não havia título em que ela não tivesse sido "arrasada", fosse por Sócrates, o "demolidor", ou por um qualquer militante do PSD desgostoso com as listas. Toda e qualquer decisão que tomasse "incendiava" o partido. Enfim, uma catástrofe a que se juntava a ridicularização constante pelo facto de ser mulher e, segundo alguns desses profissionais da piada, velha e feia. Não é nem uma coisa nem outra e sobretudo aguentou o que poucas mulheres aguentariam e que, tanto quanto me recordo, nenhum homem na política portuguesa teve de aguentar. Agora dão-lhe razão.
O que me espanta não é que lhe dêem razão em 2011, mas sim que não se interroguem por que lhe dão razão agora.
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