Caro FMI, corte nos feriados, sff

Henrique Raposo (www.expresso.pt)
8:33 Quarta feira, 20 de abril de 2011
I. O Governo decidiu conceder tolerância de ponto aos funcionários públicos na tarde de quinta. Quando ouvi isto pela primeira vez, pensei que era piadinha. O país está na bancarrota, a UE e o FMI estão ali no Terreiro do Paço, o país tem um crónico problema de produtividade, logo, o governo nunca poderia fazer uma coisa destas. Mas fez. Eu já sabia que o populismo de Sócrates é um poço sem fundo, mas confesso que não estava à espera desta. Isto não é sério. Isto revela uma atitude pouca séria da parte do governo e da parte dos funcionários que aceitarem esta tolerância de ponto. É por isso que digo o seguinte: estou certo que os funcionários públicos sérios vão ficar a trabalhar na tarde de quinta.
II. Eu não tenho vergonha pelo pedido de bancarrota (tenho vergonha pelo primeiro-ministro que nos conduziu à bancarrota, mas isso é outra conversa). Toda a gente já conheceu bancarrotas, e viverei o suficiente para ver os nórdicos a chafurdar em maleitas que eles julgam exclusivamente mediterrânicas. Mas, caramba, já tenho vergonha deste carácter chico-esperto, destas atitudes pouco sérias. Então o FMI está no Terreiro do Paço, e a malta vai ter umas mini férias de 5 dias? Então a gozar? O povinho que ainda dá 30% a Sócrates é o povinho que adora esta vidinha de feriados, pontes, tolerâncias de ponto e aumentos sem correlação com a produtividade.
III. Perante isto, um singelo pedido ao dr. Passos e o dr. Portas: Digam já que estas tolerâncias de ponto são uma vergonha. Vá lá, mostrem algum mojo. E prometam uma revisão do número de feriados. Temos feriados a mais. Temos de mudar de vida. A diminuição dos feriados e anexos (pontes, tolerâncias de ponto) é uma mensagem que nós, portugueses, devemos enviar a nós próprios. "Ah, o povo não deixa! Ah, o povo não quer!". Bom, se o povo recusar dar essa mensagem (entre outras), então o povo tem o que merece, e nós poderemos emigrar sem culpa na consciência.

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