Pedofilia, Igreja e Clarificação

Diário de Trás-os-Montes, Abril de 2010
Ana Soares (anamfmsoares@gmail.com)
A pedofilia, seja praticada por quem for, onde for e quando for, merece o mais veemente repúdio. Se qualquer crime deve ser punido quer judicial quer socialmente, este deve sê-lo com especial incidência por estar em causa uma criança ferida na sua dignidade humana, no direito à sua inocência e meninice.

Obviamente defendo que os Padres, como qualquer outra pessoa, que pratiquem um crime devem ser julgados e punidos e que esses casos minoritários não devem ser escondidos. Aliás, tem sido essa a atitude da Igreja que não só tem dado a conhecer casos de pedofilia que aconteceram no seu seio, como claras têm sido as declarações de condenação e censura destes comportamentos. Veja-se as declarações de hoje do Reverendíssimo Bispo da nossa Diocese, D. António Moreira Montes, que refere que “É uma proporção muito limitada, mas em termos eclesiais um caso que aconteça é um caso a mais e de facto há casos a mais». A Igreja é feita de homens e cabe a cada um de nós decidir o que fazer com a liberdade que nos é dada. O que não é justo e que muito menos corresponde à verdade, é pretender fazer de casos pontuais casos gerais; é retirar da esfera da liberdade individual qualquer atitude e tentar com ela rotular a Igreja que, como sabemos, é quem mais apoia as vítimas deste e de outros crimes em todo o mundo. Porque claramente maioritária é a percentagem de Sacerdotes que se entrega de alma e coração à comunidade.

Lamentável é o espectáculo mediático que se tem criado em volta dos casos pontuais de pedofilia na Igreja Católica. Quem analise as inúmeras noticias que os órgãos de comunicação social têm veiculado, facilmente percebe que a Igreja é o centro das críticas, numa campanha de difamação que além de não respeitar a verdade dos factos desrespeita também as verdadeiras vítimas de violação e todos quantos somos impregnados de notícias cozinhadas.

O Santo Papa tem sido o alvo preferencial de críticas. Não pegando nas notícias que tentaram denegrir o passado do Papa por serem facilmente desmontáveis, basta ver os ataques ferozes que mereceram as suas declarações ao assumir os graves erros de elementos da Igreja e onde pediu perdão por eles. Não é esta uma atitude conscienciosa, clara? Se o Santo Padre me merece o mais profundo respeito por tudo o que representa, mais ainda o tem por se ter mostrado sensível e atento a erros de membros do Clero, sem deixar no entanto que isso afecte a Igreja como Instituição.

Por último, uma palavra de estímulo e admiração a todos os Católicos que assumem publicamente a sua posição de defensores da punição da pedofilia e defensores da Igreja.É tempo de demonstrarmos que quem diz que quem tem uma posição contrária à sua é por ignorância ou por fé cega, o faz por não respeitar a liberdade de expressão que assume como seu princípio.
Preparemos todos de coração a vinda do Santo Padre a Portugal com a alegria de quem acabou de vivenciar a Páscoa, na certeza que a Igreja somos todos nós e que nos cabe a nós viver em liberdade com os princípios e valores em que acreditamos.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

OS JOVENS DE HOJE segundo Sócrates

Hino da Padroeira

O passeio de Santo António