Pedofilia e Ricky Martin
DN2010.04.18
ALBERTO GONÇALVES
Porquê? Ao relacionar a pedofilia na instituição católica com a homossexualidade e não com as regras da instituição, o sr. Bertone produziu, no máximo, uma generalização, abusiva segundo alguns estudos e estudiosos, pertinente segundo outros. Infelizmente para o prestígio do clérigo, à luz dos tempos trata-se da generalização "errada". A generalização "correcta", a cargo do ateísmo militante, é a que trata a Igreja enquanto antro de violadores, afirmação que dispensa prova e, de brinde, transforma o seu autor num monumento à sensatez.
Teoricamente, há certa graça num debate em que uma das partes decide os argumentos a utilizar por ambas. Na prática, o estado a que a contemporânea polícia do pensamento nos reduziu não dá vontade de rir. O caso presente é apenas um exemplo da má-fé "instrumental" que invadiu a retórica da época: ainda pior que associar a homossexualidade à pedofilia é associá-la a Ricky Martin, coisa que o próprio fez recentemente sem que ninguém se manifestasse a propósito. Ou a despropósito, o método mais em voga.
ALBERTO GONÇALVES
De que falamos quando falamos de padres homossexuais que abusam de criancinhas? Falamos, e muito, de padres. Falamos dos hábitos aparentemente recorrentes na religião que integram. Falamos da hierarquia religiosa que ocasional ou regularmente parece tolerar os abusos. Falamos da ameaça genérica que o catolicismo constitui. Falamos em demitir ou, se valer a pena levar o biólogo Richard Hawkins a sério, em prender e julgar o Papa.
Não falamos de homossexuais. E se, excepcionalmente, alguém o faz, como o cardeal Tarcisio Bertone, a alta figura do Vaticano que imputou à orientação sexual e não ao celibato a origem do problema, a indignação que por aí irrompe roça a histeria (um "activista" nacional também sugeriu a detenção do sr. Bertone se este integrar a comitiva do Papa a Portugal: sem encarcerar uma ou duas individualidades eclesiásticas esta gente não sossega). Porquê? Ao relacionar a pedofilia na instituição católica com a homossexualidade e não com as regras da instituição, o sr. Bertone produziu, no máximo, uma generalização, abusiva segundo alguns estudos e estudiosos, pertinente segundo outros. Infelizmente para o prestígio do clérigo, à luz dos tempos trata-se da generalização "errada". A generalização "correcta", a cargo do ateísmo militante, é a que trata a Igreja enquanto antro de violadores, afirmação que dispensa prova e, de brinde, transforma o seu autor num monumento à sensatez.
Teoricamente, há certa graça num debate em que uma das partes decide os argumentos a utilizar por ambas. Na prática, o estado a que a contemporânea polícia do pensamento nos reduziu não dá vontade de rir. O caso presente é apenas um exemplo da má-fé "instrumental" que invadiu a retórica da época: ainda pior que associar a homossexualidade à pedofilia é associá-la a Ricky Martin, coisa que o próprio fez recentemente sem que ninguém se manifestasse a propósito. Ou a despropósito, o método mais em voga.
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