CTT lançam selos alusivos à visita de Bento XVI Selos retratam os três Papas que visitaram ou vão visitar Portugal

25-04-2010
Os CTT vão lançar a 10 de Maio uma emissão de selos alusivos à visita de Bento XVI a Portugal, que decorre de 11 a 14 de Maio, com passagens por Lisboa, Fátima e Porto.
A série é constituída por três selos com os três Papas que visitaram ou vão visitar Portugal:
Paulo VI em 1967, João Paulo II, em 1982, 1991 e 2000, e agora Bento XVI.

Um quarto selo é dedicado especificamente à visita de Bento XVI.
A emissão é acompanhada de um texto do Cardeal Patriarca de Lisboa, em que D. José Policarpo traça o perfil de Bento XVI, um Papa que nasceu na Alemanha, viveu o drama da Segunda Guerra Mundial e é« um dos maiores teólogos do século XX, com a particularidade de ter exercido a sua missão académica numa Universidade do Estado», o que lhe proporcionou a «experiência de confrontar a Teologia enquanto reflexão sobre a fé, com todas as outras ciências e saberes».
«A racionalidade da fé e o lugar da razão na experiência religiosa são, ainda hoje, dimensões permanentes do seu Magistério», assinala D. José Policarpo, acrescentando que o Cardeal Joseph Ratzinger é um bom conhecedor da Escolástica,  mas «não ficou prisioneiro dela, certamente devido ao estudo aprofundado de Santo Agostinho, que situa a busca da verdade na compreensão da existência humana».
«A sua sensibilidade de artista, fá-lo antever esta busca da compreensão da existência como abertura à beleza. Afinal, o que encontramos na Igreja é, sobretudo, uma experiência de beleza», conclui.
O texto completo do Cardeal Patriarca:
Sua Santidade o Papa Bento XVI visita Portugal. Não é a primeira vez que um Papa está entre nós: pessoas diferentes, o mesmo ministério. Somos, assim, convidados a considerar a missão de um Papa, a mesma ininterruptamente afirmada desde há 2000 anos, e a personalidade daquele a quem foi entregue essa missão.
O que é que define a missão de um Papa? Certamente também por influência da história, a opinião pública tem tendência a defini-la como o poder supremo na Igreja, a suprema autoridade. Aliás foi assim que a tradição escolástica a definiu: "Suprema Potestas". O Concílio Vaticano II abandonou esta linguagem, falando de "consagração para a missão". A comunhão de amor é o princípio dinâmico que preside à organização da Igreja. Todos os baptizados fazem uma comunhão; os Bispos, sucessores dos Apóstolos, constituem um Colégio, fazem uma comunhão; cada Bispo comunica o sacerdócio apostólico aos presbíteros, constitui com eles um Colégio, eles são uma comunhão.
A comunhão dos Bispos, no Colégio Episcopal, sucessor do Colégio dos Apóstolos, é o princípio da unidade de toda a Igreja, na fé e no amor. Jesus deu a Pedro a missão de ser o elo dessa comunhão, o último ponto de referência das exigências da fé e do amor. O Papa é o Bispo de Roma, a primeira entre as Igrejas, porque fundada sobre os alicerces de Pedro e Paulo. Este ministério de Pedro esteve, desde o início, atribuído ao Bispo de Roma. Ele é, assim, o garante da unidade e da comunhão de amor com todos os Bispos e com as Igrejas a que eles presidem. A Igreja é universal porque procura a universalidade da comunhão.
Mas este Papa tem um nome e uma história pessoal. Chama-se Joseph Ratzinger, é alemão e viveu o drama da Segunda Guerra Mundial, é um dos maiores teólogos do século XX, com a particularidade de ter exercido a sua missão académica numa Universidade do Estado, particularidade organizativa da Alemanha, que lhe proporcionou a experiência de confrontar a Teologia enquanto reflexão sobre a fé, com todas as outras ciências e saberes. A racionalidade da fé e o lugar da razão na experiência religiosa são, ainda hoje, dimensões permanentes do seu Magistério. Bom conhecedor da Escolástica, não ficou prisioneiro dela, certamente devido ao estudo aprofundado de Santo Agostinho, que situa a busca da verdade na compreensão da existência humana. A busca da verdade e a sua relação com a caridade, nunca é apenas uma reflexão filosófico-teológica, mas a abertura à densidade da existência humana, diria mesmo ao drama da existência humana, que encontra na existência de
Jesus Cristo a sua fonte inspiradora. A sua sensibilidade de artista, fá-lo antever esta busca da compreensão da existência como abertura à beleza. Afinal, o que encontramos na Igreja é, sobretudo, uma experiência de beleza.
† JOSÉ, Cardeal-Patriarca

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