De Jesus a Judas, de Maria aos ladrões. As figuras da Páscoa
Jesus é a figura principal da Páscoa, mas há muitos outros que desempenham papéis importantes.
Jesus Cristo é mais do que uma mera figura da história da Páscoa, mais até do que a sua figura principal: Jesus é a Páscoa.
Tal como os judeus celebravam naquela data a abertura do Mar Vermelho que lhes permitiu escapar por entre as águas ao exército do faraó, Jesus, pela sua morte e ressurreição, permite à humanidade escapar ao domínio da morte, restaurando definitivamente a relação com Deus.
"Cristo carrega a cruz". Quadro de Eustache Le Sueur
"Cristo carrega a cruz". Quadro de Eustache Le Sueur
Também a ressurreição não é apenas mais um detalhe da vida de Cristo. Sem ela, como diz São Paulo, toda a fé é vã e a vida de Jesus resume-se a mais uma história de um autoproclamado messias falhado, como tantos outros de tantas épocas da história.
Não existem provas históricas do evento, como não existem de que não tenha acontecido. Aos cristãos basta a fé nos Evangelhos e na tradição recebida dos Apóstolos. Mas uma coisa parece certa: alguma coisa aconteceu, historicamente falando, que mudou aqueles homens que tinham aderido a Jesus. Alguma coisa os impeliu a darem-se totalmente por Ele, pregando a sua ressurreição e a sua vida até ao ponto do sacrifício das suas próprias vidas por Ele.
Foi a Páscoa que aconteceu na vida daquelas pessoas e que continua a acontecer na vida de cristãos hoje.
Maria, mãe de Jesus
Maria vai surgindo ao longo dos Evangelhos, sempre com uma presença discreta, desde o momento em que dá o seu "sim" ao anjo da Anunciação.
Embora não seja referida muitas vezes, pelas indicações que existem, calcula-se que Maria acompanha Cristo, vivendo com Ele e com os seus discípulos e, ao contrário de tantos destes, é das poucas pessoas que não O abandona mesmo na hora da morte.
Segundo os evangelistas, Maria estava aos pés da cruz quando Jesus foi crucificado, recordando talvez a profecia de Simão, aquando da apresentação do menino Jesus no Templo, 33 anos antes: "Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações."
Dirigindo-se a Maria, Simão completou: "E uma espada transpassará a tua alma".
Tal como outros mistérios e eventos da vida de Cristo, Maria guarda tudo isto no seu coração, sem entender verdadeiramente, até que no domingo seguinte a ressurreição torna-se a chave que permite compreender tudo o resto.
A tradição cristã coloca ainda Maria com os apóstolos quando Jesus faz descer sobre eles o Espírito Santo, enchendo-os de coragem e fé para anunciar a Boa Nova a todos os povos.
Maria Madalena
Maria Madalena era claramente uma pessoa muito próxima de Jesus e essa proximidade manteve-se até ao final. Quando praticamente todos tinham abandonado Cristo, só ela, o apóstolo João, Nossa Senhora e a sua irmã, é que permanecem aos pés da cruz.
Maria Madalena volta a destacar-se no relato bíblico no Domingo de Páscoa por ser a primeira pessoa a chegar ao túmulo. Em três dos Evangelhos são várias as mulheres que vão ao sepulcro para tratar do corpo de Jesus. Fazem-no só no domingo de manhã porque na sexta-feira não teriam tempo antes do pôr-do-sol, altura em que começavam a observar as disciplinas do sábado, que as impediam de exercer esse tipo de trabalho.
Mas no Evangelho de São João só se refere Maria Madalena e nessa narrativa consta que ela encontrou o sepulcro aberto e vazio. A discípula começou a chorar, porque pensava que alguém tinha roubado o corpo de Jesus. É a chorar que encontra um homem que pensa ser o jardineiro, a quem pergunta onde colocaram o seu mestre.
Basta que Cristo pronuncie o seu nome e imediatamente Maria o reconhece por quem é. Atirando-se aos seus pés, recebe de Jesus uma ordem: "Vai ter com os meus irmãos e diz-lhes que eu vou subir para o meu Pai e vosso Pai, para o meu Deus e vosso Deus".
Pedro
Homem de entusiasmos, São Pedro aparece frequentemente nos Evangelhos a dizer ou a fazer a coisa errada, embora com a melhor das intenções. As narrativas da Paixão e da Páscoa não são excepção.
Esta faceta revela-se logo na Quinta-feira Santa, quando Jesus começa a lavar os pés aos seus discípulos. Pedro, sem compreender, recusa o gesto de forma imperativa. Jamais! Mas quando Jesus lhe explica que se não lhe lavar os pés Pedro não poderá acompanhá-lo no Reino de Deus, o apóstolo muda de discurso e diz que, nesse caso, que lhe lave não só os pés mas também as mãos e a cabeça.
Mais tarde, no Jardim das Oliveiras, Pedro é o único que reage com violência quando Judas chega com o seu séquito para mandar prender Jesus. Puxando da espada, corta uma orelha a um dos guardas. É aqui que Jesus o repreende, deixando para a posteridade uma das expressões mais usadas na Bíblia: "Quem vive pela espada, morre pela espada".
Pedro segue então com João para tentar ver para onde levaram Jesus e aí, apesar de horas antes ter garantido que preferia morrer do que trair o seu mestre, nega-o três vezes, tal como tinha sido previsto.
Então, Pedro desaparece de cena e só reaparece no Domingo de Páscoa, a correr para o túmulo de Jesus, depois de as mulheres terem dito que o corpo de Cristo não está no sepulcro.
Diz uma tradição antiga que São Pedro ficou com canais cravados na cara, de onde escorreram as lágrimas de arrependimento que chorou por ter negado Jesus, mas certo é que essa infidelidade foi a última, e mesmo quando foi crucificado, o apóstolo pediu para o pendurarem de pernas para o ar, por não ser digno de ter uma morte igual à de Cristo.
João
De todos os discípulos de Jesus, São João era o mais novo e, por isso mesmo, aquele de quem se esperava menos responsabilidade. Mas acaba por ser o único que permanece perto de Jesus mesmo até ao fim.
Quando Cristo é preso, a maioria dos discípulos foge, mas João e Pedro ficam perto dele, acompanhando-o até ao palácio onde estava a ser interrogado pelos sacerdotes.
Mas quando Jesus é elevado na cruz, Pedro já desapareceu de cena e dos discípulos só João permanece para acompanhar as mulheres mais próximas de Cristo.
Do alto da cruz, Jesus pede ao discípulo para cuidar da sua mãe e a ela para encarar João como seu filho.
João volta a aparecer em cena na manhã de Páscoa. Quando as mulheres dizem que o corpo de Jesus desapareceu do sepulcro, João e Pedro correm para lá para ver com os seus olhos.
João, sendo mais novo, chega primeiro mas, numa clara referência à primazia de Pedro entre o grupo, não obstante o facto de ter negado Jesus dias antes, o discípulo mais novo espera e deixa-o entrar primeiro.
É nessa altura que encontram as ligaduras removidas e o túmulo vazio, começando verdadeiramente a acreditar que Cristo ressuscitou.
Judas
Na história da Páscoa, Judas é sem dúvida o vilão.
A atitude dos fariseus e dos sacerdotes é justificada pela sua preocupação em evitar uma rebelião, a de Pilatos pelo medo de represálias por parte dos seus superiores. Mas Judas é simplesmente um traidor.
O discípulo de Cristo não se limita a entregar o amigo, lucra com isso. Trinta moedas de prata é o preço indicado no Antigo Testamento para compra e venda de escravos, o que tem um simbolismo importante.
Depois de ter saído da Última Ceia para ir ter com os sacerdotes, Judas lidera um grupo de homens armados que encontra Jesus no Monte das Oliveiras e o prende. O sinal usado por Judas para mostrar quem é Jesus é um beijo, precisamente um gesto de amizade e intimidade.
A história de Judas contrasta com a de outras figuras da Bíblia, como o Bom Ladrão e São Pedro, que se arrependem dos seus pecados e acabam reconciliados com Jesus.
Judas não é capaz de pedir esse perdão e acaba por ceder ao desespero, matando-se.
Simão de Cirene
A Bíblia fala pouco de Simão de Cirene, dizendo apenas que ele foi obrigado pelos guardas a ajudar Jesus a carregar a cruz.
O facto de ter sido obrigado e não se ter oferecido parece retirar valor ao acto e, se fosse só por essa ajuda involuntária, dificilmente se perceberia porque é que ele ganhou tanta importância na tradição cristã.
Mas há um detalhe aparentemente menor mas que poderá ter toda a importância. Na tradição do Médio Oriente, as pessoas tendiam a ser identificadas em referência ao seu pai. Mas, no Evangelho de São Marcos, Simão de Cirene é apresentado como "pai de Alexandre e de Rufino".
O facto de serem mencionados os filhos é entendido como indicação de que eles eram conhecidos dos primeiros cristãos e isso, por sua vez, é visto como prova de que Simão de Cirene se teria convertido, pelo que os seus filhos eram também cristãos.
Ora, a confirmar-se esta teoria, Simão de Cirene passa a ser visto sob outra luz: como alguém que, apesar de ter entrado para a história de Jesus involuntariamente, acabou por ser de tal forma transformado por Ele que mudou radicalmente de vida.
Verónica
Na história da Paixão, Verónica é a mulher que limpa a face a Jesus quando ele está a caminho do Calvário para ser crucificado.
A história, contudo, não é referida na Bíblia, pertencendo unicamente a tradições posteriores. Estas tradições são até elaboradas, havendo uma que identifica Verónica com a mulher doente, que se curou quando tocou na orla do manto de Jesus.
A história de Verónica está ligada também a uma relíquia. Consta que no pano que foi usado para limpar a cara de Cristo ficou marcada, milagrosamente, a sua imagem.
Verónica tem também um valor simbólico importante, representando as mulheres de Jerusalém que se comoveram e choraram por Jesus, mostrando assim que a condenação popular não foi universal e que ainda havia quem se compadecia de Cristo.
Nicodemos
A Bíblia apresenta muitas vezes Jesus em oposição aos fariseus e aos sacerdotes, mas sabemos também que Cristo, em termos de crenças, era da facção dos fariseus e Nicodemos comprova também que alguns destes acreditavam nele.
Nicodemos só aparece no Evangelho de São João e a sua história é claramente de conversão.
No terceiro capítulo, o fariseu vai ter com Jesus para discutir os seus ensinamentos. Quando se apresenta nota-se claramente que vem com boa vontade e disposto a acreditar em Cristo. Mas é importante o detalhe que diz que ele faz a visita de noite, provavelmente com medo de ser visto pelos outros fariseus.
Já quando Jesus é julgado diante do Sinédrio, Nicodemos é dos únicos que tem coragem de levantar a voz em sua defesa. De nada serve, mas pelo menos não fica calado.
Mais tarde, depois de Cristo ter sido crucificado, precisamente na altura em que era mais conveniente disfarçar a sua fé, Nicodemos assume-a e é ele quem leva os óleos e os perfumes para tratar o cadáver de Jesus.
Um detalhe interessante é a quantidade de perfumes e óleos levados, que pesavam mais de cem libras. Segundo São João, isto só seria expectável para uma funeral real, sendo interpretado por isso como um símbolo da crença na realiza divina de Jesus.
Os dois ladrões
O Novo Testamento não nos diz, mas, segundo a tradição, os nomes de dos dois ladrões crucificados com Jesus eram Dimas e Gestas.
A passagem relativa a estes dois homens é uma das mais marcantes de toda a Paixão. Jesus é crucificado juntamente com ladrões, comprovando que está mesmo a ser tratado como um criminoso.
De certa forma os dois ladrões representam a humanidade. Todos pecadores, os homens olham para Cristo no auge do seu sacrifício e reagem de duas maneiras diferentes.
Uns gozam e criticam, como fez Gestas: "Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós". Mas outros comovem-se e convertem-se, como fez Dimas: "Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino."
Dimas tem ainda a particularidade de ser a única pessoa a quem Jesus garante a salvação, quando responde: "Ainda hoje estarás comigo no reino do meu Pai", uma promessa que revela como até os maiores pecadores se podem salvar, caso se arrependam e se convertam antes da morte.
A Igreja de tradição siríaca, no Médio Oriente, pegou nesta história e criou um poema chamado "O ladrão e o querubim", que consiste de um diálogo entre Dimas e o anjo que guardava a porta do paraíso. O homem comparece, conforme Cristo lhe prometera, no próprio dia, mas, uma vez que Jesus ainda não ressuscitou (e a humanidade ainda não foi redimida), o querubim continua a ter ordens para não deixar entrar ninguém.
Os dois discutem longamente e a cena termina quando Dimas retira uma cruz e mostra que é com essa autoridade que ele exige entrada. Perante a força do símbolo da Cruz, o querubim cai prostrado no chão e Dimas entra para o paraíso.
Noutra história apócrifa, conta-se que a Sagrada Família foi abordada por ladrões quando se dirigia ao Egipto para fugir aos soldados de Herodes. O bando seria liderado por Dimas e Gestas e, apesar de Gestas não mostrar piedade pela situação da família, Dimas acaba por intervir e impedir o assalto.
Pilatos
Pôncio Pilatos é uma figura central da história da Páscoa.
Enquanto representante do Imperador em Jerusalém, só ele tem o poder de condenar Jesus à morte, conforme pedem os sacerdotes.
Jesus é por isso apresentado ao governador e os dois mantêm um dos mais interessantes diálogos de todo o Novo Testamento.
Quando Jesus afirma que quem é da verdade escuta as suas palavras, Pilatos concentra em apenas uma frase toda a mentalidade relativista que, para a Igreja, marca a sociedade moderna: "O que é a verdade?"
Noutra altura Pilatos puxa dos seus galões e informa Cristo que ele tem o poder de o libertar ou mandar matar, mas a resposta de Jesus esvazia-lhe completamente o ego: "Nenhum poder terias sobre mim se não te tivesse sido dado de cima".
E é precisamente isso que Pilatos comprova com o seu comportamento. Apesar de acreditar na inocência de Jesus, essa convicção não se sobrepõe ao medo que sente tanto da multidão como dos seus superiores. Tem poder, mas não sabe usá-lo a favor do bem – um problema bem actual.
As referências a Pilatos atingem o seu clímax quando, vendo frustrada a sua última esperança de conseguir a libertação de Jesus pelo facto de a multidão ter preferido soltar o salteador Barrabás, o governador manda vir um recipiente com água e lava, literalmente, as suas mãos do crime que está prestes a acontecer. Nesse momento se vê de que serve, realmente, o poder de que tanto se gabara poucos minutos antes.
Pilatos fica, por isso, bastante mal visto nos relatos evangélicos. Mas existe a possibilidade de ter havido alguma redenção. Algumas igrejas orientais, nomeadamente a Etíope e a Arménia, consideram que Pilatos acabou por se arrepender, converter e morrer mártir por Cristo, uma tradição que não existe, contudo, na Igreja Católica.
Sumo-sacerdotes
A Bíblia refere dois sumo-sacerdotes que conspiraram para mandar matar Jesus: Anás e Caifás. Nestes dois líderes do judaísmo de então concentra-se toda a elite religiosa de Jerusalém no tempo de Jesus.
A situação dos sumo-sacerdotes não era nada invejável. Sabendo que os romanos temiam uma insurreição, que esmagariam sem piedade, os sumo-sacerdotes vêem a chegada triunfal de Jesus com a maior preocupação. Para eles trata-se de apenas mais uma figura messiânica.
Não obstante, o Evangelho deixa claro que os sacerdotes tomaram conscientemente a decisão de mandar matar um homem inocente para daí retirar um "bem maior": poupar o povo a um massacre e São João atribui a Caifás a expressão: "É conveniente que um só homem morra pelo povo".
Neste plano dos sumo-sacerdotes, Judas é uma personagem-chave. É ele quem, estando por dentro do grupo mais próximo de Jesus, está em posição de o trair no seu momento de maior vulnerabilidade.
Jesus é preso na madrugada de Sexta-feira Santa e conduzido ao Sinédrio, onde se reuniam os líderes religiosos dos judeus. Sabendo que ele era inocente, os sacerdotes arranjam falsos testemunhos, mas acaba por ser com base nas palavras de Jesus, que diz ser Filho de Deus, que o condenam por blasfémia.
Mas em Israel, naquela era, o monopólio da pena capital pertencia aos romanos e é por isso que os sacerdotes entregam Jesus a Pôncio Pilatos e arranjam forma de garantir a presença de uma multidão que recuse a sua libertação, levando à sua crucificação pública.
Os Evangelhos apresentam ainda a hipocrisia dos líderes religiosos que obrigam Pilatos a sair do seu palácio, no qual não podem entrar para não se tornarem impuros e, por isso, não poderem celebrar a Páscoa.
A grande preocupação de Caifás, Anás e o seu séquito – seguir a letra da lei mesmo enquanto condenam à morte um inocente – é assim sublinhada.
Multidão
Os Evangelhos contam que quando Jesus entrou em Jerusalém foi recebido de forma triunfal pela multidão, que o aclamou como rei.
Bastam alguns dias para que outra multidão se reúna para pedir a crucificação de Jesus. É esta multidão que, confrontada com a possibilidade de libertar Cristo ou Barrabás, opta pelo salteador e exige que Jesus seja morto.
Mas seria a mesma multidão? Este é um assunto que motiva grande discussão entre os estudiosos da Bíblia. Por um lado, a história revela a facilidade com que as pessoas são manipuladas quando se encontram em grupo (e, nesse sentido, é uma lição intemporal). Mas outra teoria é de que se trata de grupos completamente diferentes.
À chegada a Jerusalém Jesus teria sido saudado e aclamado essencialmente por pessoas que, como ele, vinham da Galileia e que poderão mesmo ter viajado juntos para a grande festa na capital. Eram pessoas que já conheciam Jesus e o seu ministério de três anos. Esta tese é suportada pelo Evangelho de São Mateus, que diz o seguinte:
"E toda aquela multidão, que o precedia e que o seguia, clamava: Hossana ao filho de David! Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Hossana no mais alto dos céus! Quando ele entrou em Jerusalém, alvoroçou-se toda a cidade, perguntando: Quem é este? A multidão respondia: É Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia." (Mt. 21, 9-11)
Ora, se Jesus era desconhecido em Jerusalém ao ponto de a maioria do povo ter de perguntar quem ele era, então é natural que a multidão que o aclamou fosse constituída de facto por galileus que o conheciam já.
Já o povo que se concentrou para apelar à sua morte, segundo esta teoria, seria composta por gente local, sobretudo pessoas arregimentadas pelos sumo-sacerdotes que procuravam a morte de Jesus.
Seja como for, os gritos da multidão naquela Sexta-feira Santa é a representação máxima da rejeição da luz e da verdade por parte dos israelitas, tal como São João refere no início do seu Evangelho: "Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam." (João 1,10-11)
Fontes das imagens:
Maria e Pilatos: iluminuras etíopes; Dois ladrões: iluminura do Evangelho de Rábula; Nicodemos: pintura de Henry Ossawa Tanner; Sumo-sacerdotes: "Jesus diante do Sinédrio", de Alessandro Mantovani; Pedro: pintura de Guercino; Simão de Cirene: imagem exposta na Galeria Nacional do Zimbabué; Verónica: estátuta no Vaticano de Francesco Mochi; Multidão: ícone moderno copta
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