FOME DE FELICIDADE

José Luís Nunes Martins
Facebook 28 de fevereiro de 2015

Quase todos temos carência de uma vida melhor... por isso buscamos novas e melhores formas de lidar com o mundo, à procura da felicidade que julgamos merecer. 
Precisamos tanto de pão como de uma vida boa. Nem sempre lutamos por ambos com a mesma força. Alguns conformam-se e desistem da sua felicidade. Esta fome, que não sossega, corrói ainda mais o interior dos que a ignoram. 
Somos o reflexo direto daquilo que alimentamos. 
Esta fome boa de um mundo melhor passa por dar de comer a quem tem fome, vivendo a caridade de uma forma tão concreta quanto eficaz, tão humana quanto divina. 
A fome é um problema grave, à espera de solução… apesar de já estarmos no século XXI. Quanta riqueza foi, é e será resultado da condenação à fome de outros? Trata-se de uma violência silenciosa que se baseia na indiferença. Um muro de silêncio e escuridão… que erguem os que escolhem fingir. 
Talvez a fome de amor verdadeiro seja uma das causas deste lento holocausto. Leva alguns a tentarem saciar a sua fome de felicidade com bens materiais e não olham a meios para alcançar isso que julgam que os satisfará. E têm castelos com 20 quartos onde a sua solidão é maior do que em qualquer outro lugar. Têm muitas camas, mas não têm paz nem sono nenhum. Têm quase tudo! Falta-lhes apenas... o essencial.
Como pode alguém ser feliz sem solidariedade nem comunhão? Terá paz e conseguirá sorrir de costas voltadas para o mundo? Olhará para onde?
Deixar de comer isto ou aquilo, ao contrário de nos entristecer, pode ser a forma certa para compreendermos que somos capazes de nos dominar, que não temos que ser escravos dos nossos apetites mais inoportunos, que podemos ser muito mais do que um simples corpo que alcança a satisfação das suas necessidades. 
O que é essencial na nossa vida? O que não é? Por que razão perdemos o nosso tempo e as nossas forças com o que não é? A alguns bastará uma hora ou duas sem comer para começarem a valorizar os alimentos que têm ao seu dispor e que julgam, na esmagadora maioria do tempo, serem insignificantes e sem valor. 
Há até quem – imagine-se – chegue a medir a sua riqueza pela capacidade que tem de gerar desperdício... 
Claro, quantas vezes só nos damos conta do valor de algo depois de o perder... ou de ficar privado dele, ainda que de forma temporária.
Mais do que uma pessoa isolada, cada um de nós é membro de uma comunidade. A nossa responsabilidade vai muito para além de garantir a nossa subsistência individual. Importa saber e sentir que somos parte de diversas famílias… sendo a maior de todas a humanidade. Temos obrigações em cada um delas. Uns assumem-nas, outros não… como em qualquer família.
Quando a minha existência significar alento e alimento para outra pessoa, estarei no caminho certo... rumo ao melhor do mundo e ao melhor de mim.
É o egoísmo de uns que condena outros à fome. Bastava percebermos que só é mesmo nosso aquilo que tivermos sido capazes de dar… 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

OS JOVENS DE HOJE segundo Sócrates

Hino da Padroeira

O passeio de Santo António