Não Matar
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Vasco Mina, Corta-fitas 11.01.15
"Não matar" é um dos mandamentos do Livro e que nos foi anunciado por Moisés. Nem sempre os que o seguiram respeitaram este e os outros mandamentos. Mesmo hoje em muitas partes do Mundo tal não é respeitado. Ao longo de séculos este princípio do respeito absoluto pela vida humana foi sendo integrado nas culturas e nas sociedades. Foi um longo caminho que culminou com a abolição da pena de morte em todos os países da União Europeia. Este princípio que na sua origem é de natureza religiosa tornou-se, com o passar do tempo, num dos principais pilares civilizacionais das sociedades democráticas ocidentais (ainda que nem todas tenham abolido, sem qualquer exceção, a pena de morte). Por esta razão ninguém tem o direito de matar e qualquer acto mortal deve ser condenado e punidos os seus autores. Esta semana, com os actos terroristas em Paris, fomos (uma vez mais) violentados com o assassinato de várias pessoas que foram condenadas à morte por gente que considera que tem o direito a matar quando, neste caso, o seu Profeta é ofendido. Infelizmente não é a primeira vez que, na Europa, somos confrontados com este tipo de actos: o IRA na Irlanda, as Brigadas Vermelhas em Itália, a ETA em Espanha, Baader-Meinhof na Alemanha e FP-25 em Portugal. Seja qual for o motivo (religioso, político, nacionalista,…) nada justifica o assassinato!
Mas se consideramos que ninguém tem o direito a matar então também temos a obrigação de evitar que tal aconteça e de denunciar quem tenha tais intenções. É que os crimes não são apenas praticados por quem os realiza mas também por todos aqueles que colaboram ou que fingem desconhecer. Todos estão implicados! "Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar", como diria Sophia. Cristãos, muçulmanos, judeus, crentes ou não crentes, agnósticos, do Norte ou do Sul, do Ocidente ou do Oriente, todos, mas mesmo todos, temos a obrigação de não ignorar o que se passa à nossa volta. Da mesma forma que os cristãos da Irlanda não podem dar abrigo aos milicianos do IRA, ou os bascos não podem dar guarida aos etarras, ou ainda os revolucionários não podem dar proteção às Brigadas Vermelhas ou às FP-25, também os muçulmanos não podem esconder os jihadistas. Devemos, pois, separar o que é da nossa crença (política ou religiosa) daquilo que é terrorista. Não devemos confundir o Islão com o Estado Islâmico ou a AlQaeda da mesma forma que devemos distinguir o que são as opções nacionalistas ou políticas e o que são organizações assassinas como o IRA, a ETA ou as FP-25. Se não conseguirmos separar as águas, denunciando tudo e todos que atentam contra à Vida e à Paz, então estaremos a contribuir para um mundo inseguro e sem liberdade. Talvez que a atitude, aqui relatada, de Lasana Bathily, muçulmano, funcionário do Hyper-Cacher onde ocorreram parte dos atentados, que salvou da morte vários clientes, seja, para todos, um exemplo a seguir.
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