Luciano Amaral e "Rica Vida - Crise e Salvação em 10 Momentos da História de Portugal", 26 de Janeiro - ciclo POLÍTICA E PENSAMENTO
Próxima segunda-feira, 26 de Janeiro, às 18:30 horas, na Livraria Férin (ao Chiado).
Andamos atormentados com questões de destino, de ânimo, de identidade e de rumo. Tempos difíceis, tempos de crise. Tempos de escolha também. O estribilho "vivemos acima das nossas possibilidades" – e agora suportaremos as consequências – anda no discurso público e nas conversas de toda a gente desde há uma década, senão mesmo já há vinte anos. Foram tempos aparentemente fáceis que se tornaram difíceis, tempos de "abundância" que se volveram em aperto. E agora?
Foi várias vezes assim ao longo da nossa História nacional, em que, além de outras questões, também "vivemos acima das nossas possibilidades". Em contextos diversos e com resoluções diferentes, mas sempre empurrando-nos para um ponto crucial de encruzilhada e desafiando-nos colectivamente, às vezes no limite da angústia. Houve outros ventos de deslumbramento e outros fossos de inquietação. Sempre nos saímos. E, de facto, há aqui como que um destino, vá lá, uma história no multíplice sentido da palavra.
Luciano AMARAL, escritor, cronista, blogger, Mestre e Doutor, professor universitário, vindo das áreas da História, das Ciências Sociais e da Economia, lançou recentemente um livro muito interessante, que se lê de um fôlego e que é um olhar leve e bem-humorado, mas uma reflexão profunda e articulada, sobre esta nossa Crónica Portuguesa, desde os primeiros dias há 900 anos.
É esse autor e esse livro que teremos nesta primeira sessão de 2015 do ciclo POLÍTICA & PENSAMENTO: A VOZ DOS LIVROS, onde ouviremos contar e poderemos debater esta revisão da matéria dada:
Rica Vida
Crise e Salvação em 10 Momentos da História de Portugal
Luciano Amaral
(D. Quixote, 2014)
A obra, que viaja desde antes do Conde D. Henrique até este exacto dia de hoje, tão carregado com todas as nossas ansiedades e perguntas, tem um índice de 10 capítulos que, em si, é todo um programa: O faroeste; A primeira crise; Ceuta e mais além; O sultão de Lisboa; A segunda crise; A quimera do ouro; A terceira crise; Vida nova; O camponês de Lisboa; A última crise.
Não se sentiu estimulado? Então, venha ouvir e participar.
Algumas vezes, pensando sobre o que somos, me interrogo sobre o facto de, sendo nós uma das Nações mais antigas da Europa e aquela Nação europeia com as fronteiras definidas há mais tempo, não podermos propriamente dizer que foram os Portugueses que formaram Portugal. Não havia portugueses antes de Portugal. Portugal e os Portugueses foram-se fazendo, a par, num vice-versa constante; e a nossa própria língua, hoje uma das línguas globais mais importantes no mundo, se construiu ao estabelecer-se este espaço com esta gente dentro (nós) e, depois, com todos os outros com que fomos comunicando e cruzando-nos.
Logo no fim do primeiro capítulo (O faroeste), Luciano AMARAL serve-nos uma bem interessante citação de Alexandre Herculano: «se na batalha do campo de São Mamede, em que Afonso Henriques arrancou definitivamente o poder das mãos de sua mãe, ou antes das do conde de Trava, a sorte lhe houvera sido adversa, constituiríamos provavelmente hoje uma província de Espanha. Mas no progresso da civilização humana tínhamos uma missão que cumprir. Era necessário que no último ocidente da Europa surgisse um povo, cheio de actividade e vigor, para cuja acção fosse insuficiente o âmbito da terra pátria, um povo de homens de imaginação ardente, apaixonados do incógnito, do misterioso, amando balouçar-se no dorso das vagas ou correr por cima delas envoltos no temporal, e cujos destinos eram conquistar para o cristianismo e para a civilização três partes do mundo, devendo ter em recompensa unicamente a glória.» O que Luciano AMARAL logo comenta e remata: «Retirando o carácter providencial e messiânico, esta ideia de Herculano exprime bem a natureza europeia do projecto português desde a origem.»
O resto do livro percorre os quase nove séculos seguintes desta nossa espantosa aventura portuguesa - um grande atrevimento, na verdade!
Estes são o prato e os condimentos para uma hora de História e de actualidade, meditando sobre o que os portugueses somos e queremos, sobre o que fazemos e realizamos também, em mais uma sessão do ciclo Política & Pensamento: a Voz dos Livros, já na próxima segunda-feira, 26 de Janeiro, às 18:30 horas, na Livraria Férin (ao Chiado).
Em anexo, juntamos o convite, sublinhando o apoio do Diário de Notícias e da Antena 1, que faz o registo integral da sessão.
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