aDeus!

Por Gonçalo Portocarrero de Almada
ionline 15 Fev 2014 - 05:00


Embora nascido em Haia, Holanda, a minha paróquia é a de Nossa Senhora da Encarnação, ao Chiado. Com efeito, é aí que está a casa onde já viveram seis gerações de pessoas da minha família. E é nos respectivos registos do cartório paroquial que estão atestadas as suas principais efemérides, que traçam, no júbilo das suas festas e nas dores dos seus lutos, o itinerário cristão da família. Porque é a casa do Pai do Céu e nós cristãos somos, pela graça do Baptismo, filhos de Deus, a igreja paroquial é uma outra casa da família. Por estar tão cheia de memórias íntimas, desde sempre a sentimos muito nossa, como nossas são também as suas alegrias e as suas penas. 
Hoje, o meu prior e a minha paróquia estão de luto, pelo repentino falecimento de um seu sobrinho e assíduo paroquiano. O Luís Seabra Duque era muito familiar a todos os paroquianos da Encarnação, pela sua presença constante nas celebrações paroquiais, que amiúde animava com o seu serviço e os seus cânticos. Sempre que lá celebrava, surpreendia-me o seu jovial sorriso, a sua sempre amável disponibilidade, a sua delicadeza no sempre tão discreto e eficaz serviço que prestava com a maior simplicidade. Nunca lhe vi nenhum gesto de contrariedade, nenhuma mal contida impaciência, nenhum gesto de desagrado. Nunca lhe ouvi qualquer palavra irada. A sua atitude sempre serena e amável não era apenas própria da sua educação, mas expressão autêntica da sua devoção e do seu espírito de serviço a todas as almas.
Se é certo que a minha paróquia e o seu pároco perderam, no Luís, um dedicadíssimo paroquiano e sobrinho, quero crer que ambos e todos nós, paroquianos de Nossa Senhora da Encarnação, ganhámos um intercessor junto de Deus. 




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