Velho demais

DESTAK  |16 | 03 | 2011   19.35H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
O drama do desemprego tem hoje muitas faces. Uma das mais patéticas é a resposta: «Você é demasiado velho para este emprego!» Porque, ao dizê-lo, a empresa mostra que quem está velha é ela.
O mundo mudou radicalmente nas últimas décadas. Uma das evoluções mais espantosas é o enorme aumento da esperança de vida. Hoje em Portugal as pessoas têm uma expectativa plausível de viver até aos 90 ou mais. E vão fazê--lo em razoáveis condições de saúde. A nossa existência não tem nada a ver com a realidade das gera-ções anteriores. Isso tem múltiplas consequências a vários níveis.
Quando um desempregado com 50 ou até 40 anos é considerado demasiado velho para ser contratado, ele está a ser avaliado por uma lógica obsoleta. Essas pessoas estão a pouco mais de meio da sua vida válida. Os governos cometeram a enorme estupidez de, face ao aumento da vida, reduzirem a idade da reforma, criando o monstruoso de-sequilíbrio da segurança social, que a crise obriga a corrigir. Se as empresas, por mero preconceito, também desprezam esses recursos valiosos praticam um erro muito pior. Até porque hoje já não há juventude suficiente para ocupar esses lugares.
Vemos a revolta dos jovens contra a precariedade. Em breve também os idosos recusarão a condição de «fora de prazo». Quando os reformados activos perceberem que é interessante produzir e, pagos pelas pensões, praticar preços imbatíveis no mercado, a economia mudará. Então as empresas compreenderão o erro terrível que cometem.

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