Um novo dialecto

António Bagão Félix, CM, 2011-03-10
O quotidiano da política e da gestão foi tomado por uma onda de palavras, um quase dialecto, nem sempre compreensível para os comuns mortais. Há quem faça gala em usar termos que nada dizem, mas que impressionam ou dissimulam a vacuidade. Já dizia Fernando Pessoa que a palavra escrita é um elemento cultural, a falada apenas social.
Eis uma amostra deste novo linguajar: proactividade. Agilizar. Procedimento concursal. Engenharia financeira. Arquitectura organizacional. Geometria variável. Perspectiva integracional e multifocal. Temática e problemática. Alocar, alavancar e assignar. Empreendedorismo. Customizar. Efeito já descontado. Em sede de. Disfuncional e societal. Disruptivo e resiliente. Sinergias e imparidades. Perspectiva de género. Cidadania activa. Criar valor. Reestruturar a dívida. E claro, os inenarráveis "implementar" (que nada significa, por tudo querer dizer) e "despoletar" (que significa o contrário do que se quer dizer).
No meio deste falatório vanguardista, há ainda espaço para pleonasmos "bem-falantes" como, por exemplo, um "elo de ligação", "certeza absoluta", "outra alternativa", "comparecer pessoalmente numa comissão", ou "encarar de frente o problema".
Uf! Basta!

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