Legítima defesa
DN 2011-03-31 VIRIATO SOROMENHO-MARQUES
Portugal atingiu o seu ponto mais baixo desde a instauração da III República. A integridade da sua economia, incluindo as suas empresas exportadoras e os seus bancos, a segurança das poupanças dos cidadãos particulares, a expectativa de emprego da juventude, a boa reputação do País nos meios diplomáticos e culturais externos, tudo isso que constitui o precioso capital material e simbólico de uma nação está hoje manchado de opróbrio. Portugal é vítima da sua própria liderança política. A mais incompetente, tanto técnica como moralmente, desde os tempos do terrorismo urbano da I República.
A culpa não é anónima. O primeiro-ministro (PM) resolveu conspirar abertamente contra o interesse nacional, ao abrir, em 11 de Março, uma crise política com o intuito de esconder ao País que nenhuma das medidas levadas a cabo pelo seu Governo nos iria livrar de pedir o apoio do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF). Com um obrigatório e doloroso "ajustamento macroeconónico", implicando a entrada em cena das regras e dos dinheiros do FMI. O PM quis passar o ónus da culpa para a oposição. E esta, com a cumplicidade do Presidente da República, caiu na cilada. O Parlamento, em vez de censurar o comportamento anticonstitucional do PM, acabou por votar contra o PEC IV, num claro tiro ao lado.
O mais lúcido estadista português vivo, Adriano Moreira, já advertira há muitos anos para o nosso maior perigo colectivo: um défice de confiança gerado nas altas esferas que acabaria por tornar o Estado completamente exíguo. O sistema político implodiu. Os portugueses estão hoje entregues a si próprios, num limbo de incerteza e perigo. Refundar a República tornou-se uma questão de legítima defesa.
Portugal atingiu o seu ponto mais baixo desde a instauração da III República. A integridade da sua economia, incluindo as suas empresas exportadoras e os seus bancos, a segurança das poupanças dos cidadãos particulares, a expectativa de emprego da juventude, a boa reputação do País nos meios diplomáticos e culturais externos, tudo isso que constitui o precioso capital material e simbólico de uma nação está hoje manchado de opróbrio. Portugal é vítima da sua própria liderança política. A mais incompetente, tanto técnica como moralmente, desde os tempos do terrorismo urbano da I República.
A culpa não é anónima. O primeiro-ministro (PM) resolveu conspirar abertamente contra o interesse nacional, ao abrir, em 11 de Março, uma crise política com o intuito de esconder ao País que nenhuma das medidas levadas a cabo pelo seu Governo nos iria livrar de pedir o apoio do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF). Com um obrigatório e doloroso "ajustamento macroeconónico", implicando a entrada em cena das regras e dos dinheiros do FMI. O PM quis passar o ónus da culpa para a oposição. E esta, com a cumplicidade do Presidente da República, caiu na cilada. O Parlamento, em vez de censurar o comportamento anticonstitucional do PM, acabou por votar contra o PEC IV, num claro tiro ao lado.
O mais lúcido estadista português vivo, Adriano Moreira, já advertira há muitos anos para o nosso maior perigo colectivo: um défice de confiança gerado nas altas esferas que acabaria por tornar o Estado completamente exíguo. O sistema político implodiu. Os portugueses estão hoje entregues a si próprios, num limbo de incerteza e perigo. Refundar a República tornou-se uma questão de legítima defesa.
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