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A mostrar mensagens de abril, 2010

Despertar do comodismo

Aura Miguel RR on-line 30-04-2010 08:42 Não é sempre que o Papa Bento XVI dedica quatro dias a um só país da Europa. Portugal é, por isso, privilegiado. Mais: o programa destes quatro dias é bastante variado, porque pretende ir ao encontro das realidades da Igreja portuguesa. Isto é, Bento XVI é como um pai, que vem ao nosso encontro. E nós? Vamos ao encontro dele? Porque é que eu estou a falar nisto? É que noutros contextos – como, por exemplo, aconteceu em Angola – só o facto de o Papa sair de sua casa em Roma para ir ao encontro dos fiéis africanos, só isso, foi motivo de festa, com toda a gente na rua para acolher o Sucessor de Pedro. Será que temos esta consciência em Portugal? Já ouvi bons católicos dizerem que preferem seguir tudo pela televisão. E até mesmo religiosas, que não vão pôr os pés em Fátima nesses dias (apesar de o Papa ter agendado um encontro específico com os consagrados). Não gostam de confusão – dizem, como desculpa. Este é o típico retrato da velha

Hino da visita do Papa - Padre Cartageno

Passeio de bicicleta "Alegria da Certeza" - 9 de Maio - 15:00

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Coisa tramada a memória

Helena Matos Público, 2010.04.30 Quando José Pedro Aguiar Branco afirmou na Assembleia da República " O moralismo ideológico cega-nos e faz-nos esquecer o óbvio " e perguntou porque não haveria de gostar de Zeca Afonso a parte que se senta à direita do hemiciclo estava a recuperar uma pergunta com 35 anos. De facto há 35 anos, mais precisamente em Abril e Maio de 1975, discutia-se se o PPD podia ou não cantar a Grândola. O autor da canção, Zeca Afonso, achava que não e escreveu-o claramente num texto que enviou para as redacções. Aí indignava-se com o que definia com o "abuso ou despudor" da canção "Grândola, Vila Morena" ter sido cantada num comício promovido a 11 de Maio desse ano pelo PPD, partido que diz ter como dirigentes " defensores da censura fascista e continuadores da ordem colonial ". Gera-se em seguida uma polémica em que esta apropriação da "Grândola, Vila Morena" por parte do PPD é definida a dado momento como uma sit

"Não se preocupe!"

DESTAK | 28 | 04 | 2010   20.50H João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt A mais recente vítima dos mercados financeiros está a ser a Grécia. Desta vez, como nas telenovelas, somos informados dos próximos capítulos: os especialistas asseguram que Portugal vem a seguir. O paralelismo entre a situação das duas economias é objectivamente falso. O nosso país, por muito desequilibrado e, sobretudo, desanimado que ande, está longe do «buraco» grego e, sobretudo, do descontrolo a que chegou aquele orçamento. Mas as seme-lhanças são inegáveis. A Grécia tem uma longa história de endividamento, manipulação das contas e, pior de tudo, alto grau de contestação, corrupção e bloqueio social. O problema grego assusta mesmo. Portugal tem um nível inferior, mas crescente, do primeiro elemento e, tremendismos à parte, muito menos dos outros. Mas isso chega para merecer o acompanhamento dos credores. Acima de tudo, um aspecto justifica plenamente o nervosismo dos mercados: o estado de negaçã

O País é de todos, o Estado é dos Republicanos - Histórias da 1.ª República

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Exposição a não perder no átrio principal da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa   Happening 2010 " É possível viver assim"

Não vás trabalhar, Tóino. Deita-te ao sol.

Público, 2010-04-29 Helena Matos O poder irrita-se com este povo, que perante tão graves factos estende a toalha. O que esperavam que os portugueses fizessem? Segundo a RTP, "uma das consequências da greve [dos transportes públicos] parece ter sido também uma inusitada procura das praias. O calor incentivou e entre ficar em casa ou perder horas em filas de trânsito muitos portugueses preferiram o sol e o mar". E porque haverá a RTP de considerar inusitada esta procura das praias? Não estávamos ainda há tão pouco tempo no melhor dos mundos? Só os tremendistas, os lamurientos, os bota-abaixistas e os retrógrados não percebiam que caminhávamos para um país moderno, alavancado por um Estado que empregaria cada vez mais jovens, criaria cada vez mais empresas de capitais públicos e investiria em grandes obras públicas. Enfim, do computador Magalhães ao "direito ao TGV" ou do novo aeroporto aos projectos PIN, era tudo "um progresso absolutamente extraordinário&quo

Lenine, segundo Aguiar-Branco

DN 2010.04.28 BAPTISTA-BASTOS O preconceito é a forma mais agressiva de violência e a manifestação mais abstrusa de tolice. A diferença suscita a desconfiança, já se sabe; e o culto da brutalidade nasce dessa espécie de insegurança em si mesmo, própria de quem, afinal, se julga ou se deseja excluído. O preconceito provoca, em todos os sectores, não só o sentimento profundo de incapacidade de saber, como a quebra irreparável dos laços sociais. Na sessão comemorativa do 25 de Abril, Assembleia da República, o dr. Aguiar-Branco criticou essa figura de intolerância e, sem renunciar às suas convicções (como a seguir se viu), citou Lenine, Rosa Luxemburgo, José Afonso e Sérgio Godinho, mas, também, António Sardinha, corifeu do Integralismo Lusitano. Acontece que, criticando o preconceito, o discurso do dr. Aguiar-Branco criticava a perda de referências culturais que, à Esquerda ou à Direita, goste-se ou não, pertencem ao bragal comum da nossa civilização. Se compreendo o embaraço das b

Pedofilia, Igreja e Clarificação

Diário de Trás-os-Montes, Abril de 2010 Ana Soares (anamfmsoares@gmail.com) A pedofilia, seja praticada por quem for, onde for e quando for, merece o mais veemente repúdio. Se qualquer crime deve ser punido quer judicial quer socialmente, este deve sê-lo com especial incidência por estar em causa uma criança ferida na sua dignidade humana, no direito à sua inocência e meninice. Obviamente defendo que os Padres, como qualquer outra pessoa, que pratiquem um crime devem ser julgados e punidos e que esses casos minoritários não devem ser escondidos. Aliás, tem sido essa a atitude da Igreja que não só tem dado a conhecer casos de pedofilia que aconteceram no seu seio, como claras têm sido as declarações de condenação e censura destes comportamentos. Veja-se as declarações de hoje do Reverendíssimo Bispo da nossa Diocese, D. António Moreira Montes, que refere que “É uma proporção muito limitada, mas em termos eclesiais um caso que aconteça é um caso a mais e de facto há casos a mais». A Ig

O 25 de Abril e o desencanto da política

DN2010.04.30 MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO Foi Hannah Arendt quem, há muitos anos, melhor previu e indiciou este fenómeno da decadência ou despolitização da política nas democracias liberais do Ocidente. Tendo sido uma das analistas dos totalitarismos e tendo então feito a equivalência moral entre o hitlerismo e o comunismo soviético, o que não era fácil nos anos 50, a pensadora dedicou também a sua atenção aos problemas da "qualidade política" das democracias ocidentais. E chamou a atenção para esta degradação da política como espaço público que, cada vez mais, se foi diluindo. O que ela viu foi este fenómeno de a economia - e dos interesses económicos - ir progressivamente abafando, monopolizando e degradando a política. Porque o sistema socialista marxista produziu sociedades policiais e até concentracionárias, e a estatização da economia resultou na supressão absoluta da política (da polis, como espaço de debate dominado pela preocupação pública). No Ocidente liberal, ess

Murcharam os cravos

DN 2010.04.28 Carlos Abreu Amorim As comemorações do 25 de Abril resvalaram em cerimónias funcionalizadas, secas, maçadoras, desprovidas de significado real ou alegórico para o País. Foram os discursos esperados, repisados, com as mesmas laudes aos putativos heróis recorrentemente citados, com as proclamações vazias e as juras políticas afins às dos anos anteriores e continuamente incumpridas - a excepção foi Aguiar-Branco, que, pelo menos, conseguiu induzir algum humor provocatório naquela baça manhã de domingo. O Presidente da República ainda tentou fabricar alguma confiança - mas fundar a reabilitação de um país arruinado por longas décadas de má governação no mar e nas indústrias criativas do Porto tresandou a um desejo de esperança já desesperada. Este regime atingiu um ponto tal de descrença em si próprio que já nem sequer consegue celebrar-se com o mínimo de convicção. Não admira - direitos fundamentais e Guerra Colonial à parte, pouco distingue o Portugal de hoje do País en

PREPARAMO-NOS PARA ACOLHER O SANTO PADRE, no Porto

PREPARAMO-NOS PARA ACOLHER O SANTO PADRE   Dia 1 de Maio às 21h30, na Cripta da Igreja da Senhora da Conceição (ao Marquês),no Porto, conferência sobre “ Os cinco anos do Pontificado de Bento XVI”, pelo Sr. Bispo D. Carlos Azevedo, Coordenador Geral da Visita do Papa a Portugal      

Igreja Católica inspira nova relação com o ambiente

Público, 2010-04-28 Maria da Graça Carvalho É um contributo inestimável para a causa ambiental a elevação da salvaguarda do ambiente a imperativo moral Hoje, tendo-se tornado uma preocupação central, tanto de cientistas como de teólogos, as questões ambientais parecem estar a gerar uma nova plataforma de entendimento entre indivíduos que, sendo oriundos dos mais diversos universos ideológicos, partilham a mesma visão sobre a relação do homem com a natureza. Dado o conjunto de valores e causas que defendo no Parlamento Europeu, entre as quais relevam as questões ambientais e da produção eficiente e limpa de energia, às quais sou sensível em boa parte devido à minha formação científica, devo dizer que as posições que a Igreja tem vindo a manifestar a este respeito são para mim uma verdadeira fonte de inspiração. Na sua última carta encíclica, Caritas in veritate, Bento XVI reconhece que "é lícito ao homem exercer um governo responsável sobre a natureza para a guardar, fazer fru

28 de Abril - S. Luís Maria Grignion de Monfort

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A característica que mais o distinguiu na sua pregação e marca a sua espiritualidade foi a devoção à Virgem Santíssima, com modalidades tão pessoais que fazem dele um caso sem igual na espiritualidade mariana de todos os tempos. Morreu santamente em 1716. Foi beatificado por Leão XIII e canonizado por Pio XII. É de sua autoria o Tratado da Verdadeira Devoção à Santissima Virgem Maria

Mais 121 milhões de católicos desde 2000

Anuário Estatístico da Igreja mostra aumento de 11% no número de fiéis e um catolicismo cada vez mais centrado na América O Vaticano apresentou esta Terça-feira a nova edição do Anuário Estatístico da Igreja, o qual revela que entre 2000 e 2008, o número de católicos passou de 1045 milhões para 1166 milhões, o que representa um aumento de 11,54%. O “Annuarium Statistitucm Ecclesiae” revela que a África tem mais 33,02% de católicos na sua população, número que na Europa registou um aumento de 1,17% nos últimos anos. O peso específico dos europeus no mundo católico tem vindo a diminuir: em 2000, o Velho Continente albergava mais de um quarto dos católicos de todo o mundo (26,81%), percentagem que é agora de 24,31%. O coração do catolicismo está na América, que representa quase metade (49,59%) dos fiéis em todo o mundo. A publicação da Central de Estatísticas da Igreja (Santa Sé) mostra ainda que o número de sacerdotes se mantém quase estável, com um ligeiro aumento de 0,98% motivado

O Papa abençoa o colégio S. Tomás

Ver particularmente: 1', 5' e 12'

Frase do dia

Não vás à minha frente; eu posso não te seguir. Não vás atrás de mim; eu posso não conduzir. Vai só ao meu lado e sê meu amigo Albert Camus (1913-1960)

Concerto em festa - 6 de maio de 2010 - Centro Cultural de Belém

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Reflexões sobre o Pensamento de Bento XVI

Conf3Maio

Construção de um monstro

JOÃO CÉSAR DAS NEVES DN20100426 As coisas à distância surgem alteradas. Por isso os heróis e vilões da história pareceram em geral muito diferentes dos contemporâneos. As duas visões são válidas, aspectos distintos de personalidades e épocas complexas. Isso vê-se bem tentando adivinhar como a nossa realidade será descrita daqui a séculos. O tempo realiza dois fenómenos sobre o panorama de uma era. Primeiro esquece pormenores e reduz o relato aos traços estruturais. Depois concentra os actos e ideias de multidões no líder do momento. Por isso, por muito que surpreenda, é provável que José Sócrates fique na história de forma distinta daquela como o vemos, como o monstro que vandalizou a família e a cultura portuguesas. Em breve desaparecerão as questões que hoje dominam a política nacional. Défices, escândalos, obras, reformas parecerão detalhes ínfimos aos nossos descendentes. Aquilo que chocará o futuro são sem dúvida as tentativas radicais e atabalhoadas na legislação da família.

Anunciação a Maria de Paul Claudel - apresentação pelo cónego João Seabra

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Selo comemorativo da visita do Papa Bento XVI a Portugal

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Pode um homem nascer de novo, quando é velho? Exercícios espirituais de Comunhão e Libertação, 23 a 25 de Abril de 2010

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Cristo ensina Nicodemus Jacob Jordaens (1593-1678)

Estatísticas da Igreja em Portugal

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 22 de abril de 2010 (ZENIT.org).- A Santa Sé divulgou nesta quinta-feira as estatísticas da Igreja Católica em Portugal, números que contextualizam a visita de Bento XVI ao país de 11 a 14 de maio. Numa população de 10,6 milhões de habitantes, a porcentagem de católicos é de 88,3%, segundo referem os dados datados de dezembro de 2008. Os sacerdotes diocesanos são 2.825. Já os religiosos, 972. Os bispos em dados de 15 de abril de 2010 são 52. Os seminaristas de filosofia e teologia são 444. Segundo refere Agência Ecclesia, o Recenseamento da Prática Dominical, datado de 2001, mostrava que o número total de praticantes não chegava, contudo, aos 2 milhões de fiéis. A Igreja Católica em Portugal conta com 3.797 padres, 212 diáconos permanentes, 312 religiosos e 5.965 religiosas, para além de 594 membros de Institutos seculares. O número de catequistas é de 63.906, num total de 4.380 paróquias e 2.878 outros centros pastorais, espalhados por 21 Dioceses

Discurso de José Pedro Aguiar Branco na sessão comemorativa do 25 de Abril

CTT lançam selos alusivos à visita de Bento XVI Selos retratam os três Papas que visitaram ou vão visitar Portugal

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25-04-2010 Os CTT vão lançar a 10 de Maio uma emissão de selos alusivos à visita de Bento XVI a Portugal, que decorre de 11 a 14 de Maio, com passagens por Lisboa, Fátima e Porto. A série é constituída por três selos com os três Papas que visitaram ou vão visitar Portugal: Paulo VI em 1967, João Paulo II, em 1982, 1991 e 2000, e agora Bento XVI. Um quarto selo é dedicado especificamente à visita de Bento XVI. A emissão é acompanhada de um texto do Cardeal Patriarca de Lisboa, em que D. José Policarpo traça o perfil de Bento XVI, um Papa que nasceu na Alemanha, viveu o drama da Segunda Guerra Mundial e é« um dos maiores teólogos do século XX, com a particularidade de ter exercido a sua missão académica numa Universidade do Estado», o que lhe proporcionou a «experiência de confrontar a Teologia enquanto reflexão sobre a fé, com todas as outras ciências e saberes». «A racionalidade da fé e o lugar da razão na experiência religiosa são, ainda hoje, dimensões permanentes do seu Magist

As razões de Bento XVI

razoesbentoXVI

O ano Internacional da Astronomia (2009) e o conhecimento de Galileu em Portugal

Lumenveritatisabril2010 by papinto

República das Letras

RR on-line 23-04-2010 19:37 António Câmara Na ilha da Terceira mora um dos projectos educativos mais interessantes do País: a República das Letras. A República funciona em sistema tutorial. Miguel Monjardino, docente da Católica, é o tutor.  Os estudantes vêm dos últimos anos das escolas do ensino secundário da ilha. Miguel Monjardino guia-os através da leitura acompanhada e contextualizada dos clássicos de autores como Eurípides, Homero, Plutarco, Sófocles, Tucídedes,e  Ésquilo.  As sessões semanais são descritas exemplarmente por Laura Brasil, uma das antigas alunas da República: "É assim que defino os meus sábados à tarde… não uma janela, mas uma escada para o Mundo. Os degraus que nos levam ao passado, à razão e à justificação de nós próprios, dada em conselhos dos grandes mestres intemporais, os gregos da Antiguidade que no presente ainda têm palavras cheias de voz sábia que se fazem ouvir. Mas estas duas horas ganhas ao fim de semana são, também, a criação do futuro

Vulcões e conspirações

Público, 2010.0422 Pedro Lomba No Verão de 2008 estive a viajar pela Islândia. Não atravessei toda a ilha, mas fui a boa parte do litoral (o interior, mesmo no Verão, é quase impenetrável). Para quem viu a Lua pelos olhos da NASA, é talvez o mais parecido que temos no planeta. Para quem sonha com Marte, também. Os 33 vulcões da Islândia, muitos deles ubíquas ameaças em estado de pousio, foram responsáveis por um terço da lava libertada no mundo. O Eyjafjallajokull, o tal que paralisou os céus e os aeroportos da Europa nos últimos dias, é apenas o último. Andei pelo Norte e pelo Sul. Pela capital, Reiquejavique, ponto de história na saga da Guerra Fria, e pela segunda maior cidade, Akureyri, a norte, de onde se avista um dos magníficos fiordes do país e onde verifiquei como é que os islandeses ocupam as noites de sábado: pegam no carro e começam a ronda. Conduzem aos círculos, a 20 km por hora, enquanto vão bebendo e conversando entre eles. Viajei antes da bancarrota do ano passad

Educar o carácter, educar para amar

Protege

Bento XVI, o mal-amado

Público, 2010.04.22 Esther Mucznik Acusam-no quando ele é o primeiro a denunciar abertamente a pedofilia. É a política de culpar o mensageiro pela mensagem Como vê o pontificado de Bento XVI e a sua atitude face ao diálogo inter-religioso? Como avalia a resposta do Papa à crise da pedofilia? Como é vista a visita papal pelas confissões não católicas? Acha que a tolerância de ponto discrimina os não católicos? Estas são algumas das questões com que nós - os "outros" - somos diariamente "assediados" por diversos órgãos da comunicação social. O caminho não tem sido fácil para Bento XVI depois do longo pontificado de João Paulo II, dado o contraste absoluto entre os dois estilos: João Paulo II era carismático, gostava das multidões, tinha o dom da palavra certa no momento certo. Bento XVI fala através da escrita, gosta do isolamento necessário à reflexão. João Paulo II foi um papa missionário, um homem da Guerra Fria e do combate contra o comunismo. Bento VI, alemão

E depois do adeus

Público, 2010.04.22 Helena Matos Somos hoje um país certamente mais livre do que éramos até Abril de 74, mas menos livre do que fomos anos depois Daqui a dias vai vir novamente a fanfarra, mais os cravos e a liberdade. Sem esquecer a República e o seu farto busto que, por um extraordinário processo de reviravolta histórica, se pretende apresentar como uma antecipação do 25 de Abril. E depois? Depois nada, que a vida está difícil e nós não sabemos como vamos pagar dívidas que não contraímos. Não era de facto isto que estávamos à espera quando nos prometeram a democracia. Na verdade esperava-se muito. Ao ver as imagens de Portugal em 1974 o mais espantoso é o ar sorridente e esperançado das pessoas. Hoje, rir assim só no futebol, com a desvantagem estética para este último, que a parafrenália dos bonés e dos cachecóis, ao contrário do que sucedia com os cravos e as fardas, dá um ar vagamente apalhaçado a quem celebra. Em Abril de 1974 aos portugueses foi prometido um país mais livr

Poder Supremo

DESTAK| 21 | 04 | 2010   20.55H João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt   Há uns dias um jornalista escrevia sobre os casos de pedofilia com o título: «A maior crise da Igreja Católica dos últimos 100 anos» ( António Marujo, Público, 27 de Março ). Mas a Igreja Católica nos últimos cem anos sofreu as terríveis perseguições de ateus e maçons no México, Portugal, etc. Seguiram-se os morticínios nazi, soviético, maoísta. A Igreja Católica nos últimos cem anos foi eliminada fisicamente em múltiplos países e teve mais mártires que na acumulação dos anteriores 1900 anos. Um Papa foi baleado. Além disso existiram enormes crises teológicas, desde a polémica do modernismo até às terríveis tempestades do pós-concílio, o cisma Lefebvre, teologia da libertação, perda de vocações. Será a crise de hoje maior que tudo isto? Os crimes agora referidos são sem dúvida muito graves, mas a Igreja condenou-os inequívoca e repetidamente. Para mais estão centrados num punhado de clérigos, vários

Carta aberta de George Weigel para Hans Kung

Resposta de George Weigel a Hans Kung

Intolerâncias

Correio da manhã, 2010.04.20 Constança Cunha e Sá Um Estado laico não é um Estado anti-religioso, incapaz de compreender a dimensão pública da fé. Como seria de esperar, a visita do Papa a Portugal já deu origem a uma pequena e comovente polémica sobre a tolerância de ponto decretada pelo Governo. Os fanáticos do costume decretaram que pretendiam trabalhar nesses três dias a bem da separação do Estado e da Igreja e – pasme-se – em prol da produtividade nacional que, na sua douta opinião, não pode ser abalada pela visita de um "líder religioso qualquer" que decida deslocar-se ao nosso país. Até a CIP e as centrais sindicais, esses pilares da nossa economia, se pronunciaram patrioticamente contra a decisão tomada pelo Governo, alertando para a crise em que vivemos e para a necessidade dos funcionários públicos contribuírem, com o seu trabalho, para o aumento da produtividade e para o desenvolvimento da pátria. É evidente que este reconhecimento súbito do estado em que nos enc