A estupidificação da Humanidade
José António Saraiva
in: Política a Sério, 20081115
Um destes dias entrei no carro e, maquinalmente, estendi o braço na direcção do rádio para o ligar. É um gesto que milhares de portugueses fazem diariamente ao início da manhã e ao fim da tarde. Mas a meio caminho suspendi o movimento. Apetecia-me ouvir o quê: música ou notícias? Subitamente percebi que aquilo que me apetecia mesmo era não ouvir nada. Apetecia-me gozar o silêncio. E aquele gesto que suspendi, aquele simples gesto de premir um botão, separa dois modos de estar completamente diferentes, para não dizer opostos. O indivíduo que liga o rádio do carro torna-se, a partir desse momento, um ouvinte – um ‘consumidor’ de música ou notícias. Inversamente, o indivíduo que conserva o rádio desligado pode ser um ‘produtor’, porque o silêncio permite-lhe pensar.
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in: Política a Sério, 20081115
Um destes dias entrei no carro e, maquinalmente, estendi o braço na direcção do rádio para o ligar. É um gesto que milhares de portugueses fazem diariamente ao início da manhã e ao fim da tarde. Mas a meio caminho suspendi o movimento. Apetecia-me ouvir o quê: música ou notícias? Subitamente percebi que aquilo que me apetecia mesmo era não ouvir nada. Apetecia-me gozar o silêncio. E aquele gesto que suspendi, aquele simples gesto de premir um botão, separa dois modos de estar completamente diferentes, para não dizer opostos. O indivíduo que liga o rádio do carro torna-se, a partir desse momento, um ouvinte – um ‘consumidor’ de música ou notícias. Inversamente, o indivíduo que conserva o rádio desligado pode ser um ‘produtor’, porque o silêncio permite-lhe pensar.
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