Livros para o Natal
Expresso, 20081213
João Carlos Espada
No domínio da História, a minha primeira preferência vai para 'Churchill and the Jews' (Pocket Books) de Martin Gilbert. Numa época de renovado anti-semitismo, vale a pena recordar essa doença infecciosa, bem como a simpatia com que Churchill sempre encarou os "nossos irmãos mais velhos" - como lhes chamou João Paulo II. Também vale a pena recordar as invasões francesas e a aliança luso-britânica em 'Wellington contra Massena' (Gradiva), de David Buttery. 'Obama: Do desejo ao poder' (Aletheia), de David Mendell, é um livro particularmente actual.
Na Teoria Política, a lista é bastante longa. John Kekes volta a apresentar o seu conservadorismo céptico e liberal em 'Enjoyment' (Oxford) e 'The Art of Politics' (Encounter Books). Embora falte uma referência ao conservadorismo, João Cardoso Rosas dá-nos um excelente 'Manual de Filosofia Política' contemporânea (Almedina). Miguel Morgado publica a sua tese de doutoramento com as Edições 70 ('Aristocracia e os seus críticos'). E a Tenacitas publica o clássico de Robert P. George (que esteve recentemente em Lisboa), 'Choque de Ortodoxias: Direito, religião e moral em crise'. Nem por encomenda, a Aletheia volta a publicar 'Ortodoxia' de Chesterton.
'Como evitar golpes militares' (ICS), de Luís Salgado Matos, com prefácio de Jorge Sampaio, conduz-nos ao estudo da instituição militar e das suas relações com o poder civil democrático. João Freire reúne mais de duas décadas de investigação sociológica em 'Economia e Sociedade' (Celta). Marc Plattner , director do distinto 'Journal of Democracy', lança um olhar céptico sobre o supranacionalismo em 'Democracy Without Borders?' (Lexington). Bastante a propósito, Mónica Brito Vieira e David Runciman escrevem sobre o conceito de representação política em 'Representation' (Polity).
Duas colecções de ensaios merecem a nossa atenção. João Lobo Antunes regressa com 'O Eco Silencioso' (Gradiva). Em 'Nós, Os Portugueses' (Principia), Maria Filomena Mónica revolta-se muito saudavelmente perante a omnipresença do Estado entre nós.
A religião é, ou devia ser, uma esfera em que o Estado fica à porta. Isso mesmo nos recordou Joseph Ratzinger em 'Fé e Futuro' (Principia). Keith Ward, professor de Oxford e Fellow da British Academy, apresenta um argumento racionalista (popperiano) sobre 'Why There Almost Certainly Is a God' (Lion). Sobre o mesmo tema escreve João César das Neves em 'Deixem-me Falar-vos do Impossível' (Lucerna).
Porque os últimos são os primeiros, a nota máxima vai para 'A Espuma do Tempo: Memórias do Tempo de Vésperas', de Adriano Moreira (Almedina), e para Andrew Roberts com 'Masters and Commanders: How Roosevelt, Churchill, Marshall and Alanbrooke Won the War in the West' (Allen Lane).
João Carlos Espada
No domínio da História, a minha primeira preferência vai para 'Churchill and the Jews' (Pocket Books) de Martin Gilbert. Numa época de renovado anti-semitismo, vale a pena recordar essa doença infecciosa, bem como a simpatia com que Churchill sempre encarou os "nossos irmãos mais velhos" - como lhes chamou João Paulo II. Também vale a pena recordar as invasões francesas e a aliança luso-britânica em 'Wellington contra Massena' (Gradiva), de David Buttery. 'Obama: Do desejo ao poder' (Aletheia), de David Mendell, é um livro particularmente actual.
Na Teoria Política, a lista é bastante longa. John Kekes volta a apresentar o seu conservadorismo céptico e liberal em 'Enjoyment' (Oxford) e 'The Art of Politics' (Encounter Books). Embora falte uma referência ao conservadorismo, João Cardoso Rosas dá-nos um excelente 'Manual de Filosofia Política' contemporânea (Almedina). Miguel Morgado publica a sua tese de doutoramento com as Edições 70 ('Aristocracia e os seus críticos'). E a Tenacitas publica o clássico de Robert P. George (que esteve recentemente em Lisboa), 'Choque de Ortodoxias: Direito, religião e moral em crise'. Nem por encomenda, a Aletheia volta a publicar 'Ortodoxia' de Chesterton.
'Como evitar golpes militares' (ICS), de Luís Salgado Matos, com prefácio de Jorge Sampaio, conduz-nos ao estudo da instituição militar e das suas relações com o poder civil democrático. João Freire reúne mais de duas décadas de investigação sociológica em 'Economia e Sociedade' (Celta). Marc Plattner , director do distinto 'Journal of Democracy', lança um olhar céptico sobre o supranacionalismo em 'Democracy Without Borders?' (Lexington). Bastante a propósito, Mónica Brito Vieira e David Runciman escrevem sobre o conceito de representação política em 'Representation' (Polity).
Duas colecções de ensaios merecem a nossa atenção. João Lobo Antunes regressa com 'O Eco Silencioso' (Gradiva). Em 'Nós, Os Portugueses' (Principia), Maria Filomena Mónica revolta-se muito saudavelmente perante a omnipresença do Estado entre nós.
A religião é, ou devia ser, uma esfera em que o Estado fica à porta. Isso mesmo nos recordou Joseph Ratzinger em 'Fé e Futuro' (Principia). Keith Ward, professor de Oxford e Fellow da British Academy, apresenta um argumento racionalista (popperiano) sobre 'Why There Almost Certainly Is a God' (Lion). Sobre o mesmo tema escreve João César das Neves em 'Deixem-me Falar-vos do Impossível' (Lucerna).
Porque os últimos são os primeiros, a nota máxima vai para 'A Espuma do Tempo: Memórias do Tempo de Vésperas', de Adriano Moreira (Almedina), e para Andrew Roberts com 'Masters and Commanders: How Roosevelt, Churchill, Marshall and Alanbrooke Won the War in the West' (Allen Lane).
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