«A família é a melhor maneira de anunciar Jesus Cristo»
Família Cristã, 2014.10.19
O Pe. Duarte da Cunha esteve hoje nas Jornadas da Pastoral Familiar para falar sobre o Sínodo dos Bispos aos participantes nas jornadas. O sacerdote português, que é secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), faz uma avaliação positiva do relatório final, que considera «uma manta de retalhos cheia de coisas importantes». «É o resultado dos assuntos debatidos pelos bispos, é um texto de trabalho, não final, que é preciso ser lido e relido, mas também complementado com outros textos que devem ser usados», considerou.
Segundo o sacerdote, «as verdades da família foram reafirmadas e apreciadas sempre com a preocupação de perceber como anunciar hoje essas verdades». «É uma das insistências do Papa Francisco. É preciso acompanhar as famílias para se poder anunciar o Evangelho da família», defendeu o Pe. Duarte da Cunha.
Falando aos jornalistas no final da conferência, o secretário-geral da CCEE considerou que a «tónica no acolhimento» esteve presente nas intervenções e «é explícita» em todo o relatório final do Sínodo, lançando «desafios de empenho aos agentes pastorais».
Quanto às questões mais sensíveis, o Pe. Duarte da Cunha não acha que tenha havido novidade. «Surgiu a necessidade de a Igreja passar a sua mensagem de uma forma mais acolhedora, e isso é bom, mas no conteúdo nada mudou. Tudo o que foi dito já havia sido dito antes», sustentou o sacerdote português, que não considera possível grandes alterações em relação a divorciados recasados ou em relação aos homossexuais. «Dar a comunhão aos divorciados a recasados não resolve o problema. Aliás, nos países em que isso se defende com maior vigor, a pastoral de acompanhamento que é feita é tão pouca que se transforma numa pastoral de indiferença, e não é isso que é o acolhimento», garantiu o Pe. Duarte da Cunha.
Quanto aos homossexuais, é «essencial que haja acolhimento e que ninguém se sinta discriminado n Igreja», diz o sacerdote, mas sem com isso obrigar a que a Igreja mude o seu ponto de vista sobre essas questões. «As nossas comunidades sempre tiveram pessoas com tendências homossexuais, que fazem o seu caminho, por vezes com sofrimento, mas lidando com as suas tendências, da mesma forma que um heterossexual também lida com as suas questões, e isso já se fazia antes», garantiu o Pe. Duarte da Cunha.
Os desafios do próximo ano, em vista ao Sínodo
Na conferência proferida esta manhã, o Pe. Duarte da Cunha referiu três pontos como sendo os desafios do próximo ano, em vista à preparação do sínodo ordinário de 2015. «É importante olharmos para a antropologia do ser humano e da família. Temos de compreender a pessoa humana como única, mas integrada numa rede social», disse o sacerdote, argumentando que a noção de imediato na sociedade é impeditiva da constituição de família. «Quando deixamos de desejar o eterno e apenas queremos gozar o presente, somos incapazes de construir uma família», disse o Pe. Duarte da Cunha.
Um segundo aspeto é o de repensar e recuperar a teologia do matrimónio. «O que o torna único, como se prepara, como se vive, como se põe a render as graças, quais são elas. O que faz desse consentimento único e o que isso implica. Há um diálogo entre o homem que oferece a graça e Deus que a recebe. Os sacramentos não são só futuro, são presente que acontece. O casamento indissolúvel é-o porque Deus assim o torna, e não se pode desfazer», considerou o sacerdote.
Na conferência proferida esta manhã, o Pe. Duarte da Cunha referiu três pontos como sendo os desafios do próximo ano, em vista à preparação do sínodo ordinário de 2015. «É importante olharmos para a antropologia do ser humano e da família. Temos de compreender a pessoa humana como única, mas integrada numa rede social», disse o sacerdote, argumentando que a noção de imediato na sociedade é impeditiva da constituição de família. «Quando deixamos de desejar o eterno e apenas queremos gozar o presente, somos incapazes de construir uma família», disse o Pe. Duarte da Cunha.
Um segundo aspeto é o de repensar e recuperar a teologia do matrimónio. «O que o torna único, como se prepara, como se vive, como se põe a render as graças, quais são elas. O que faz desse consentimento único e o que isso implica. Há um diálogo entre o homem que oferece a graça e Deus que a recebe. Os sacramentos não são só futuro, são presente que acontece. O casamento indissolúvel é-o porque Deus assim o torna, e não se pode desfazer», considerou o sacerdote.
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Isto porque, defende o sacerdote, o amor não é apenas dar sem esperar nada receber. «Diz-se que o amor deve ser gratuito, sem esperar nada contra, mas o amor perfeito é um querer ser amado. Amar e ser amado não podem ser duas coisas separadas, têm de estar juntas. O amor verdadeiro é um amor que suplica. Amor gera amor. Amor não é apenas dom, é comunhão», exortou o Pe. Duarte da Cunha.
Nesta linha de ideias, o Pe. Duarte da Cunha encerrou os trabalhos defendendo a importância da Pastoral Familiar para a Igreja e para o homem. «A primeira razão pela qual vale a pena o empenho na família é pela nossa própria família. Isto não é egoísta, mas é pôr o nosso interesse no centro. Se estou empenhado em viver melhor a minha vida, os meus irmãos recebem eco desse empenho e isso é bom para eles», defendeu.
Depois, há a questão da caridade e da evangelização. «Não posso estar ao lado de pessoas que passam problemas e ser indiferente, tenho de ter caridade», afirmou, acrescentando que «a família é a melhor maneira de anunciar Jesus Cristo, é ali que tudo começa». «Onde há famílias cristãs, é mais provável que haja filhos cristãos», concluiu, avisando que as famílias não são somente objeto de evangelização, mas sobretudo «sujeitos de evangelização como seu testemunho».
Texto e Fotos: Ricardo Perna
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