A crise e o aborto

Miguel Alvim, 12. Dezembro. 2011

O impressionante número de mais de 60.000 crianças mortas por aborto desde 2007 devia fazer-nos parar para pensar.
Ao meditarmos mais fundo nessa enormidade antropológica activamente promovida, apoiada, legalizada e liberalizada em Portugal pelas oligarquias dos aparelhos partidário e estadual, devemos tomar consciência da desgraça do ser outro.
A desgraça de quem não pôde nascer livremente e de forma protegida para a vida.
Isso leva-nos a perceber como nas nossas sociedade, supostamente progressistas e sofisticadas, pode ser tão infinitamente pequena a distância que vai do bem e do direito à barbárie.
Para tanto, basta deter eficientemente todos os poderes.
Desde logo, o poder de influenciar: boa parte do êxito do programa abortista e pro-morte repousa no controlo dos media.
Depois, o poder económico e financeiro que domina os media.
A seguir, o poder partidário e parlamentar.
Finalmente, o poder executivo governativo.
Daqui não se segue, contudo, bem pelo contrário, que a maioria antropológica seja niilisticamente pela morte, contra a vida, como parece.
Só que esta maioria foi fortemente instrumentalizada e abusada pelos diversos mecanismos de representação política e partidária, manipulada pelos media e asfixiada e controlada pelo poder económico e financeiro numa lógica imparável.
Aparentemente, mas só aparentemente, inexorável.
Como os sinais da crise financeira internacional e nacional não foram apercebidos senão tarde demais, agora com reflexos na economia e nas políticas de restrição e de austeridade, na perda do poder de compra, na insegurança no trabalho e no emprego, no medo difuso do futuro, também quanto à questão crucial da desprotecção da vida nascente ainda não nos apercebemos da dimensão colossal (também já quantitativa) do desastre, e da verdadeira natureza desta catástrofe ontológica que se desenvolve numa espiral degenerativa.
Uma catástrofe tão grande que não permite nenhuma solução para Portugal, para todas as crises de Portugal, enquanto não for remediada.
Explico melhor: enquanto a actual lei do aborto não for revogada em todas as suas iníquas vertentes (e a menor é a do seu financiamento público), Portugal livre e soberano não sairá da crise, definha e há-de morrer aos poucos.
A decadência física de um povo anda inteiramente a par da sua decadência moral.

Comentários

Anónimo disse…
COncordo, assino e subscrevo.
A Espanha já vai avançar, e nós?

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