Aniversário da morte de José Régio
Após ter vivido quase 40 anos em Portalegre, trabalhando como professor liceal, José Régio reformou-se em 1962 e começou a viver uma parte do ano na sua terra natal, Vila do Conde, onde viria a instalar-se definitivamente em 1966, numa casa contígua àquela em que nascera. Foi nesta casa, herdada de uma tia, Libânia, e que viria a ser transformada em Casa-Museu no pós-25 de abril, que o escritor morreu em 1969, aos 68 anos, de ataque cardíaco.
As primeiras edições dos livros de Régio continuam a ser avidamente procuradas por coleccionadores e há vários ensaístas, entre os quais é justo destacar Eugénio Lisboa, que se esforçam por manter vivo o interesse por uma obra que marcou profundamente a cultura portuguesa ao longo de décadas.A par da sua vasta produção literária e ensaística, Régio foi ainda uma respeitada figura da oposição ao regime salazarista, tendo apoiado as candidaturas de Norton de Matos e de Humberto Delgado. Deve-se-lhe a criação da revista Presença, que co-fundou em 1927, e que contribuiria decisivamente para a divulgação das grandes figuras do primeiro modernismo português, como Fernando Pessoa ou Mário de Sá-Carneiro, por quem Régio tinha particular admiração.
Se José Régio foi sendo sobretudo valorizado (e provavelmente sobrevalorizado) como poeta — muitos saberão ainda de cor os poemas que João Villaret gravou em disco, como Cântico Negro, ou mesmo a extensa Toada de Portalegre —, a sua ficção, e designadamente os romances que integram a saga inacabada de A Velha Casa, mereceria, em contrapartida, ser mais relida e estudada.
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