Barioná

Aura Miguel
RR on-line 2011-12-09
O chefe da aldeia considerava-se “o Senhor da vida e da morte" até que orei Baltazar o convidou a caminhar na esperança. A história - transformada em peça e que pode ver no Teatro da Trindade, em Lisboa - leva-nos a reflectir sobre como podemos ficar bloqueados nas preocupações do instante e duvidarmos que somos feitos de esperança.
Barioná, o chefe da aldeia, era um homem recto e justo. Entrincheirado nas suas razões, considerava-se “o Senhor da vida e da morte”. Proclamava que “Deus nada pode contra a liberdade do homem” e, assim, gradualmente, foi endurecendo o seu coração contra tudo e contra todos, com a promessa de que “nunca dobraria o joelho diante de ninguém”.
Só que, imprevisível, um grande Acontecimento irrompe pela sua vida. E, quando, pela aldeia, a caminho de Belém, passam os Reis Magos, um deles diz-lhe:
“Tu sofres e, no entanto, o teu dever de homem é esperar. (...) Porque o homem é sempre muito mais do que aquilo que é”.
O rei Baltazar confronta Barioná e convida-o a caminhar na esperança, sob pena de ficar a “ruminar o instante fugaz, olhar para o seu umbigo de forma rancorosa, arrancar do seu tempo o futuro e encerrá-lo ao redor do presente”.
Sobre o percurso de liberdade de Barioná, convido-vos a ir ver esta peça de Sartre – com o mesmo nome – que ontem estreou, em Lisboa, no Teatro da Trindade. Mas, no fundo, não é só Barioná: também nós podemos ficar bloqueados na medida do instante e, aflitos com as preocupações do presente, duvidarmos que somos feitos de esperança, capazes de estabelecer um nexo com o Todo que dá sentido à existência.  

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