A utopia do eduquês, Carlos de Abreu Amorim, Correio da Manhã, 080406
Heresias
06 Abril 2008 - 00.30h
A utopia do eduquês
É urgente regressar à lógica de que aprender implica um certo grau de sacrifício
No último ‘Prós e Contras’ alguém definiu a Escola que temos como "a grande utopia". A receita é sempre a mesma – os nossos impostos devem pagar as quimeras de alguns iluminados. E tanto pior para a realidade. A prédica inseria-se num mar de ‘eduquês’, expressão achada por Marçal Grilo para designar a linguagem indecifrável de alguns teóricos e que se difundiu como símbolo da versão romântica da Escola Moderna – uma série desconcertante de chavões do tipo "aprendizagem ao ritmo dos alunos" ou "ensinar a criança e não a matéria" que redundaram no facilitismo reinante e na crise actual da escola pública.
É urgente regressar à lógica de que aprender implica um certo grau de sacrifício. O aluno tem de interiorizar que o seu esforço compensa e que os resultados não são ‘tanto faz’. Para que a Escola prepare para a vida terá de deixar de ser uma versão mascarada daquilo que a vida é: ultrapassar obstáculos, motivar o aluno para que se supere a si mesmo, é a maior lição que a Escola pode transmitir.
Hoje muitos suspeitam do sistema público e só lhe confiam os seus filhos porque não têm meios para os colocarem noutros lugares. O Estado ensina mal e não permite que as famílias possam optar (cheque-educação). Com o nível tão alto de impostos que pagamos, o Estado deveria proporcionar a escolha de um bom serviço de educação. Diogo Feio, do CDS-PP, apresentou um projecto de lei sobre autonomia escolar – é um bom princípio mas que não pode ficar por aqui.
Por Carlos de Abreu Amorim, Professor universitário
06 Abril 2008 - 00.30h
A utopia do eduquês
É urgente regressar à lógica de que aprender implica um certo grau de sacrifício
No último ‘Prós e Contras’ alguém definiu a Escola que temos como "a grande utopia". A receita é sempre a mesma – os nossos impostos devem pagar as quimeras de alguns iluminados. E tanto pior para a realidade. A prédica inseria-se num mar de ‘eduquês’, expressão achada por Marçal Grilo para designar a linguagem indecifrável de alguns teóricos e que se difundiu como símbolo da versão romântica da Escola Moderna – uma série desconcertante de chavões do tipo "aprendizagem ao ritmo dos alunos" ou "ensinar a criança e não a matéria" que redundaram no facilitismo reinante e na crise actual da escola pública.
É urgente regressar à lógica de que aprender implica um certo grau de sacrifício. O aluno tem de interiorizar que o seu esforço compensa e que os resultados não são ‘tanto faz’. Para que a Escola prepare para a vida terá de deixar de ser uma versão mascarada daquilo que a vida é: ultrapassar obstáculos, motivar o aluno para que se supere a si mesmo, é a maior lição que a Escola pode transmitir.
Hoje muitos suspeitam do sistema público e só lhe confiam os seus filhos porque não têm meios para os colocarem noutros lugares. O Estado ensina mal e não permite que as famílias possam optar (cheque-educação). Com o nível tão alto de impostos que pagamos, o Estado deveria proporcionar a escolha de um bom serviço de educação. Diogo Feio, do CDS-PP, apresentou um projecto de lei sobre autonomia escolar – é um bom princípio mas que não pode ficar por aqui.
Por Carlos de Abreu Amorim, Professor universitário
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