Três provérbios. JCdasNeves, Destak 080403
A actual crise financeira, que começou no Verão passado nas hipotecas americanas, ameaça ser das mais graves de sempre. A sua explicação mais simples encontra-se em três antigos provérbios populares.
Muito se espantam por especialistas experimentados caírem em erros tão crassos, aceitando créditos incobráveis. Mas arriscar é a alma da finança, porque «quem não arrisca não petisca». Eles só o fizeram porque antes tinham tomado riscos bem maiores com resultados excelentes. Na euforia, ser prudente é loucura.
No entanto, quanto o vento muda, quando o tempo de euforia passa, a época de nervosismo ou pânico, tudo muda de figura. «Perdigão perdeu a pena, não há mal que lhe não venha.» Então até investimentos razoáveis e aplicações sólidas dão mal. O clima é a alma do sucesso.
Estes dois elementos estão há séculos nas crises financeiras. Mas o novo aspecto, que agravou imenso esta situação, é a perversão do princípio básico das finanças: «não se devem meter os ovos todos no mesmo cesto.» Esta regra prudencial tem sido levada ao paroxismo pela inovação económica e tecnologias informáticas, títulos e derivados. Hoje os ovos estão cozinhados de formas tão variadas, tão divididos e misturados, distribuídos por tantos cestos, tão diferentes e tão distantes, que ninguém o entende bem. Quando se suspeita que alguns estejam podres, como saber para onde foram? O pior traço da actual crise é o medo que o meu sócio também se encontre infectado sem eu saber. Isso destrói a confiança.
Eis a crise americana em dois minutos e três provérbios.
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