Para quando o início da libertacao, Tiago Maymone, Tribuna do Leitor, Publico 080421

Transcrevo aqui uma carta que um amigo meu enviou (e foi publicada) ao Público na passada segunda-feira, porque é um bom exemplo de que se nos dermos ao trabalho de escrever para os jornais com frequência, ocasionalmente seremos uma voz que se levanta contra um ambiente opressivo que a pouco e pouco nos vai cercando. Obrigado do Tiago pelo seu exemplo e que sirva de estimulo para muitos mais.

Tribuna do Leitor
21.04.2008

Para quando o início da libertação?
Lisboa, cinco da tarde, chove torrencialmente. Na Avenida do Brasil, num dos poucos parques de estacionamento gratuitos, dois agentes da Polícia Municipal, dentro de uma carrinha, digitam diligentemente nos seus portáteis. O cenário em redor é de gritos: pelo menos dez automóveis com as rodas bloqueadas, multados. Como já não há espaço no alcatrão, estacionaram em cima dos passeios. Não estão a estorvar o trânsito, nem sequer os peões, porque os passeios são largos. Chove a potes, Lisboa num caos, e estes senhores polícias a facilitar ainda mais a vida aos cidadãos. Mais um episódio a somar a fenómenos como os exageros da ASAE, a fobia patológica do fumo, a proliferação dos ridículos radares pela cidade, o nervosismo extemporâneo das autoridades na iminência de manifestações públicas contra o Governo. Avança aquilo que um colunista apelidou de "despotismo democrático". (...) A minha filiação política não é de todo de esquerda, mas confesso que dá um pouco de saudade pensar em revolução. Proponho outra coisa: eduquemo-nos. Talvez seja oportuno repropor livros como O Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Do ponto de vista social, comecemos a aprender o que querem dizer termos como subsidiariedade ou liberdade de educação. Já há quem o faça. Quero ser como esses. Como dizia um grande amigo: comecemos a ajuizar, é o início da libertação.
Tiago Maymone, Lisboa

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