Irmãs pedem direitos iguais aos de lésbicas, Isabel Stilwell, Destak, 080430
Irmãs pedem direitos iguais aos de lésbicas
30 04 2008 08.52H
Vá lá a gente compreender o mundo, e até onde chega o politicamente correcto, é o que estão certamente a pensar duas irmãs inglesas, de 90 e 82 anos, que acabam de ver a sua petição negada pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. As senhoras, Joyce e Sybil Burden, que vivem juntas desde que nasceram, descobriram certo dia que quando uma delas morrer, a outra será obrigada a pagar 40% do valor da casa em impostos sucessórios.
Seria sempre uma imposição pesadíssima, mas se toda a gente tivesse a mesma obrigação, provavelmente as senhoras nunca se teriam sentido discriminadas. Simplesmente, vieram a saber que os casais de gays e lésbicas que moravam por ali perto estavam dispensados de impostos sobre a herança recebida do outro. «Não é justo. Se dissermos que somos lésbicas temos privilégios, mas se assumirmos que coabitamos há mais de oitenta anos como irmãs, o Estado penaliza-nos», protestou Joyce, ao saber ontem da decisão. O processo já corre desde 1976, e chegou ao Tribunal Europeu como último recurso, mas até este optou por uma versão legalista, defendendo que cada país tem direito a fazer alguma discriminação nos seus impostos, consoante as políticas que pretende implementar.
Tudo se torna assim mais claro. Desta forma, o Estado britânico tem de assumir que a sua estratégia é de premiar os casais homossexuais e hetrossexuais, e castigar os outros «estados civis». E de facto, porque raio não há-de recriminar duas velhotas que, em mais de oito décadas, nem sequer conseguiram arranjar um/uma parceiro(a) sexual, ou que dividem apenas mesa e águas correntes? Lição clara para todos os outros idosos da nação: ou têm uma vida sexual activa, ou pagam impostos.
Quanto a Joyce e Sybil, recusados todos os recursos interpostos, terão mesmo que tratar de simular ali qualquer coisa, partindo do princípio de que as finanças não levam o seu rigor fiscalizador tão longe. De uma determinação extraordinária até aqui, espera-se que sejam agora salvas por algum Robin dos Bosques, que enfrente um Estado que não tem vergonha de assaltar velhinhas.
Isabel Stilwell editorial@destak.pt
30 04 2008 08.52H
Vá lá a gente compreender o mundo, e até onde chega o politicamente correcto, é o que estão certamente a pensar duas irmãs inglesas, de 90 e 82 anos, que acabam de ver a sua petição negada pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. As senhoras, Joyce e Sybil Burden, que vivem juntas desde que nasceram, descobriram certo dia que quando uma delas morrer, a outra será obrigada a pagar 40% do valor da casa em impostos sucessórios.
Seria sempre uma imposição pesadíssima, mas se toda a gente tivesse a mesma obrigação, provavelmente as senhoras nunca se teriam sentido discriminadas. Simplesmente, vieram a saber que os casais de gays e lésbicas que moravam por ali perto estavam dispensados de impostos sobre a herança recebida do outro. «Não é justo. Se dissermos que somos lésbicas temos privilégios, mas se assumirmos que coabitamos há mais de oitenta anos como irmãs, o Estado penaliza-nos», protestou Joyce, ao saber ontem da decisão. O processo já corre desde 1976, e chegou ao Tribunal Europeu como último recurso, mas até este optou por uma versão legalista, defendendo que cada país tem direito a fazer alguma discriminação nos seus impostos, consoante as políticas que pretende implementar.
Tudo se torna assim mais claro. Desta forma, o Estado britânico tem de assumir que a sua estratégia é de premiar os casais homossexuais e hetrossexuais, e castigar os outros «estados civis». E de facto, porque raio não há-de recriminar duas velhotas que, em mais de oito décadas, nem sequer conseguiram arranjar um/uma parceiro(a) sexual, ou que dividem apenas mesa e águas correntes? Lição clara para todos os outros idosos da nação: ou têm uma vida sexual activa, ou pagam impostos.
Quanto a Joyce e Sybil, recusados todos os recursos interpostos, terão mesmo que tratar de simular ali qualquer coisa, partindo do princípio de que as finanças não levam o seu rigor fiscalizador tão longe. De uma determinação extraordinária até aqui, espera-se que sejam agora salvas por algum Robin dos Bosques, que enfrente um Estado que não tem vergonha de assaltar velhinhas.
Isabel Stilwell editorial@destak.pt
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