Partir o Partido?, JCdasNeves, Destak, 080430
Partir o partido?
30 04 2008 08.53H
A instabilidade no PSD faz muita gente prever que esse partido se vai partir. São tão claras as clivagens que alguns já vêem a ruptura. Será provável essa divisão?
Primeiro, é importante referir a notável resiliência do nosso espectro partidário. Mais de 34 anos após a revolução, os partidos são precisamente os mesmos das eleições de 1975. A única diferença de monta é que parte da multidão de extrema--esquerda tomou juízo e se uniu no Bloco. Fora disso, tudo está na mesma. Esta estabilidade não resulta da falta de tentativas, porque dezenas de partidos nasceram nas últimas três décadas, vários por fragmentação dos principais. Nenhum vingou.
O segundo elemento a reter é que a «cola» que mantém unido o PSD, tal como o PS, não é a ideologia nem a camaradagem. Os pequenos, incluindo CDS-PP, PCP e BE, encontram a união dentro de si mesmos. Mas os dois grandes são muito diferentes. Aí a unidade vem do poder. Não apenas da perspectiva futura de um dia ser governo, mas também da realidade actual de autarquias, serviços e organismos do Estado que esses partidos controlam.
A «marca» PSD como a «marca» PS são demasiado valiosas no mercado político para serem largadas de ânimo leve. Nas próximas semanas as várias facções sociais-democracias vão-se digladiar pela liderança. Mas todas sabem que só unidas podem vir a mandar. Haverá ataques e insultos, zangas e amuos, até demissões e saídas, como no PS há uns anos. Mas não é provável que nenhum dos grupos em confronto queira partir um grande partido português.
João César das Neves naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
30 04 2008 08.53H
A instabilidade no PSD faz muita gente prever que esse partido se vai partir. São tão claras as clivagens que alguns já vêem a ruptura. Será provável essa divisão?
Primeiro, é importante referir a notável resiliência do nosso espectro partidário. Mais de 34 anos após a revolução, os partidos são precisamente os mesmos das eleições de 1975. A única diferença de monta é que parte da multidão de extrema--esquerda tomou juízo e se uniu no Bloco. Fora disso, tudo está na mesma. Esta estabilidade não resulta da falta de tentativas, porque dezenas de partidos nasceram nas últimas três décadas, vários por fragmentação dos principais. Nenhum vingou.
O segundo elemento a reter é que a «cola» que mantém unido o PSD, tal como o PS, não é a ideologia nem a camaradagem. Os pequenos, incluindo CDS-PP, PCP e BE, encontram a união dentro de si mesmos. Mas os dois grandes são muito diferentes. Aí a unidade vem do poder. Não apenas da perspectiva futura de um dia ser governo, mas também da realidade actual de autarquias, serviços e organismos do Estado que esses partidos controlam.
A «marca» PSD como a «marca» PS são demasiado valiosas no mercado político para serem largadas de ânimo leve. Nas próximas semanas as várias facções sociais-democracias vão-se digladiar pela liderança. Mas todas sabem que só unidas podem vir a mandar. Haverá ataques e insultos, zangas e amuos, até demissões e saídas, como no PS há uns anos. Mas não é provável que nenhum dos grupos em confronto queira partir um grande partido português.
João César das Neves naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
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