Milhares de pessoas no funeral do cónego Melo, DN080422

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Caros amigos:

Quereria que lessem a notícia abaixo antes de saberem o que tenho para vos dizer. É difícil gerir aquilo que merece ser levado ao conhecimento de muita gente sem se tornar aborrecimento e invasão de privacidade. A minha reacção à morte do cónego Melo foi a de rezar pela sua alma e, sem possibilidade de fazer outro tipo de juízo fundamentado, apoiar-me naquilo que a Igreja, particularmente a arquidiocese de Braga, sente dever dizer sobre este seu membro, que, como a notícia diz, foi uma figura controversa da sociedade portuguesa. Tendo sido contemporâneo dos acontecimentos que tornam controversa a figura do “cónego Melo” e não o conhecendo pessoalmente,, sempre tive tendência para simpatizar com a sua figura, talvez por antagonismo com o que dele se dizia nos jornais.

Se lerem a notícia abaixo ficarão a saber que milhares de pessoas se associaram à homenagem que usualmente se faz a cada um de nós quando morre; que a homenagem foi fora do vulgar quer pelo número de pessoas quer pela forma como se manifestaram. Ficamos também a saber que o arcebispo de Braga, celebrou a sua memória, agradecendo-lhe os serviços prestados à arquidiocese e pedindo ao Senhor que o recompense pelo bem praticado e o perdoe pelas suas faltas. O Senhor Arcebispo de Braga aproveitou também para explicar que não faz parte da tradição da Igreja o elogio fúnebre tão do hábito dos funerais modernos, onde todos passamos a ser excelentes pessoas só porque morremos.

Finalmente, descendo ao detalhe da notícia, ficamos a saber que “um banho de multidão” se reuniu na Sé de Braga; ora uma multidão pode reunir-se na Sé de Braga, mas um banho, não…

Um banho de multidão é uma figura de retórica que quer dizer que uma figura pública foi acolhida publicamente por uma grande multidão, sendo por ela banhada…..

No parágrafo seguinte, vem o rol das personalidades presentes na missa de corpo presente celebrada na Sé de Braga, desde o Secretário de Estado até ao sr. Domingos Névoa da Bragaparques; o uso de “desde…até” tem uma implicação categórica, isto é, uma categorização hierárquica das referências que são feitas; também por isso, não se percebe porque é que ficam de fora o deão do Cabido da Sé, o governador civil de Braga e o Núncio Apostólico em Espanha.

Serve isto para partilhar convosco a minha dificuldade; muitas vezes gostaria de chamar a vossa atenção para acontecimentos como este, da morte do cónego Melo, por alma de quem, peço as vossas orações.

Porém, a debilidade da própria redacção da notícia, para não falar do preconceito de quem a redige, ou, pior ainda, da intenção deliberada de induzir ou reforçar uma suspeita, fazem-me muitas vezes hesitar e acabar por não partilhar convosco a notícia que para mim foi objecto de atenção. Teria que ter, e não tenho na maior parte dos dias, o tempo suficiente para me explicar, como hoje faço.

Um abraço amigo do

Pedro Aguiar Pinto

P.S: Pode ser que, com a maior informalidade do Blog do Povo se torne mais possível esta interacção convosco.

Milhares de pessoas no funeral do cónego Melo


SUSANA PINHEIRO, Braga

De Vila do Conde vieram três camionetas para o enterro do cónego Melo

Se dúvidas restassem acerca das saudades que monsenhor cónego Eduardo Melo Peixoto, uma figura controversa da sociedade portuguesa, iria deixar em Braga, elas ontem desvaneceram-se. Milhares de pessoas foram-lhe dizer um último adeus e prestar homenagem com aplausos e acenar de lenços na Catedral de Braga e no cemitério Monte de Arcos. Um último tributo poderá ser prestado, caso seja colocada a estátua que, em tempos, esteve na origem de polémica na cidade.

Foi com pesar que um banho de multidão se reuniu na Sé de Braga, onde o corpo do cónego Melo estava em câmara-ardente. O repique do sino anunciou a missa de corpo presente, presidida pelo arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, e a Catedral tornou-se pequena para tanta gente.

No interior, desde o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, António Braga, passando pelo presidente da Câmara de Braga, Mesquita Machado, até Domingos Névoa, da Bragaparques, muitas foram as personalidades que quiserem despedir-se do deão do Cabido da Sé de Braga. Também a equipa do Sporting de Braga, o governador civil de Braga, Fernando Moniz, etc., lhe prestaram uma última homenagem. Esteve ainda presente o Núncio Apostólico em Espanha, Manuel Monteiro de Castro.

O cónego Melo morreu no sábado, aos 80 anos, em Fátima. Sob ele pairou a suspeita de envolvimento na morte do padre Max, que sempre negou, e muitas outras polémicas - a última foi o painel da basílica do Sameiro, onde aparece ao lado do Papa João Paulo II e de Nossa Senhora. Considerado por muitos um "grande homem, amigo e cheio de energia", ontem o seu funeral arrastou pessoas de vários pontos do País - só de Vila do Conde chegaram três camionetas.

Durante a cerimónia fúnebre, o arcebispo de Braga agradeceu-lhe: "Quero que estas palavras sejam de memória por este grande homem que foi o monsenhor cónego Melo. É a minha homenagem, dizendo-lhe obrigado". E concluiu: "Que o Nosso Senhor lhe dê a recompensa por aquilo que foi a sua vida e o perdão por aquilo que a sua vida possa ter porventura de imperfeições". Antes disso, o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa advertiu que não era sua "intenção fazer algum tipo de elogio fúnebre", até porque, "a Igreja não o permite". Relembrou "o amor" que o deão do Cabido da Sé de Braga nutria por Maria, pela Nossa Senhora do Sameiro.

A multidão acompanhou o cortejo fúnebre até ao cemitério onde o cónego foi a sepultar. O presidente da Associação Industrial do Minho defendeu de novo a colocação da estátua do cónego Melo que, há alguns, gerou polémica na cidade.

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